Juiz de Fora passa por um crescimento desestruturado
Juiz de Fora 158 anos depois Al?m da crise do caf?, a transfer?ncia da capital de Ouro Preto para Belo Horizonte e do Rio de Janeiro para Bras?lia tamb?m contribu?ram para estagna??o
Rep?rter
30/05/2008
*Cr?dito das fotos
H? 158 anos, o povoado de Santo Ant?nio de Paraibuna era elevado a munic?pio e, seis anos depois, em 1856, tornou-se Juiz de Fora. O povoado surgiu a partir de uma modifica??o no tra?ado do Caminho Novo (leia mat?ria sobre o Circuito), estrada utilizada para escoar o ouro produzido em Ouro Preto, levando a riqueza at? o porto do Rio de Janeiro.
O Caminho Novo foi desviado, em 1836, para a regi?o do bairro Graminha e para a avenida Rio Branco. O coronel Cust?dio Ferreira Leite e o engenheiro Henrique Guilherme Fernando Halfeld comandaram a obra.
Da? ao t?tulo de "Manchester Mineira", quando Juiz de Fora atingiu o auge de desenvolvimento, foram 64 anos, fase que perdurou at? 1929. Neste ano, a crise do caf? come?ou a levar a regi?o ? estagna??o.
"Este t?tulo veio a partir de uma compara??o com a Manchester
da Inglaterra, uma cidade pr?spera, caracterizada pelas in?meras f?bricas"
,
explica o professor da Faculdade de Engenharia da
Universidade federal de Juiz de Fora (UFJF), C?zar Henrique Barra Rocha.
No auge, em 1914, a cidade tinha 160 ind?strias, a primeira estrada pavimentada da Am?rica do Sul - a Rodovia Uni?o e Ind?stria, uma ferrovia ligando o Rio a Diamantina, a primeira usina hidrel?trica da Am?rica do Sul - a Usina de Marmelos, e movimentava os primeiros motores el?tricos para fins industriais do pa?s, com a Companhia T?xtil Bernardo Mascarenhas (foto abaixo ? direita) e a Construtora Pantaleone Arcuri & Spinelli (foto abaixo ? esquerda).
Est?gios de desenvolvimento
A primeira regi?o ocupada foi a parte mais baixa, onde est?o as ruas refer?ncias da cidade: as avenidas Brasil, Independ?ncia e Rio Branco (veja os mapas). Segundo Rocha, ? natural que a ocupa??o ocorra primeiro na parte mais baixa, mesmo porque ? a que est? mais pr?xima ao rio. A partir da?, o espa?o do centro se esgotou a cidade foi crescendo para outras partes mais altas.
Como um est?gio de desenvolvimento intermedi?rio, Rocha cita o povoamento de bairros como o Bom Pastor, Alto dos Passos, S?o Mateus e Cascatinha (veja os mapas dos bairros, atualmente). A diferen?a entre o primeiro e os outros ? a qualidade de vida, garantida pela caracter?stica de bairro residencial. Os outros bairros s?o comerciais, com a presen?a de resid?ncias.
Para S?o Mateus e Cascatinha, Rocha aponta problemas e prev? confus?o para a ?rea atualmente.
"? uma regi?o com tr?s hospitais e uma maternidade e, ao mesmo tempo, muito barulho, engarrafamentos e polui??o"
.
O pr?ximo passo foi o crescimento para a regi?o norte, leste e oeste, com o desenvolvimento de Benfica e a ocupa??o da Cidade Alta.
Nesta ?ltima h? a predomin?ncia de condom?nios, como uma forma de resgatar a tranq?ilidade
n?o encontrada mais na regi?o central. "Percebemos que esta regi?o tamb?m est? ficando saturada"
.
A ocupa??o da regi?o norte se deu ?s margens da BR-040, o que fez com que esta rodovia perdesse suas
caracter?sticas. "Ela est? virando uma via urbana"
, diz o professor, ressaltando
que este ? um fen?meno perigoso. "Quem passa pela rodovia est? em ritmo de viagem
e vai acabar encontrando um tr?fego urbano, com pessoas indo ao trabalho ou ao lazer"
.
Causas para a estagna??o da Zona da Mata
"Os fazendeiros ainda tentaram substituir o caf?
por outros produtos, mas n?o deu certo"
, completa Rocha. A aboli??o da
escravid?o tamb?m desestruturou as bases da oligarquia cafeeira.
Al?m da crise do caf?, a transfer?ncia da capital de Ouro Preto para Belo Horizonte e do Rio de Janeiro para Bras?lia tamb?m contribu?ram para estagna??o. O primeiro processo foi financiado com a verba de impostos pagos pela cidade ao governo do estado e o segundo acabou com a forte intera??o entre Juiz de Fora e a capital do Brasil.
* Fotos do livro Juiz de Fora: Imagens do Passado, de Douglas Fazolatto