Juiz de Fora perde 1.700 lixeiras em menos de dois anos

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Juiz de Fora perde 1.700 lixeiras em menos de dois anosEm dezembro de 2009, a cidade chegou a 4.000 caixas coletoras. Hoje são 1.700 distribuídas no Centro, em bairros movimentados e nas praças

Clecius Campos
Subeditor
30/9/2011

A cidade de Juiz de Fora está 42,5% menos equipada com caixas coletoras — conhecidas como lixeiras públicas — do que há dois anos. Segundo informa o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb), em dezembro de 2009, quando 700 lixeiras foram instaladas na cidade, Juiz de Fora passou a contar com 4.000 caixas coletoras. Menos de dois anos depois, há cerca de 2.300 lixeiras na cidade: 1.700 a menos.

De acordo com o diretor operacional do Demlurb, Paulo Antônio de Souza Delgado, grande parte da perda deve-se ao mau uso ou à depredação das lixeiras. "Muito é por causa da depredação. Além disso, há pessoas que não sabem usar a lixeira. A caixa coletora serve para se jogar um papel de bala, um saco de pipoca. É um depósito para o transeunte. No entanto, encontramos sacos inteiros de resíduos e até animais mortos dentro das lixeiras. Elas vão se acabando."

Segundo Delgado, há dois anos, foram instaladas 25 caixas coletoras na rua Halfeld. Atualmente, apenas oito equipam a via. Na São João Nepomuceno, das 15 lixeiras colocadas em 2009, só sobraram cinco. Na praça do Linhares, o número foi reduzido de dez para duas, devido a ações de vandalismo e ao mal uso. "Não adianta ter lixeira. A população precisa ser educada."

De acordo com Delgado, a cidade está prestes a ganhar 500 lixeiras, que serão distribuídas pelo Centro e pelos principais corredores de pedestres, além das praças. A compra das caixas coletoras está sendo finalizada e a expectativa é de que elas comecem a chegar às ruas em outubro, a fim de atender a demanda de pedestres que tende a se intensificar próximo ao período natalino. Em Juiz de Fora, 60% das lixeiras estão concentradas no Centro. As demais vão para os bairros mais movimentados e as praças.

Lixeiras devem vir com campanha de esclarecimento

De acordo com o coordenador do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), José Homero Pinheiro Soares, a instalação de lixeiras deve considerar os locais de maior concentração de pedestres, como ruas movimentadas e pontos de ônibus, por exemplo. No entanto, instalar caixas coletoras só teria sentido se houvesse o acompanhamento de um programa de esclarecimento sobre resíduos sólidos. "É preciso mudar o hábito da população. Temos que entender que jogar lixo na rua é falta de civilidade. Andamos nas ruas, enxergamos lixeira e continuamos vendo resíduos no chão. Se na cidade não houvesse lixeira alguma, mas a população tivesse o mínimo de civilidade, ou as ruas estariam limpas ou haveria mais pedidos por lixeiras na Prefeitura."

Segundo Soares, mais do que consciência ecológica, a comunidade precisa passar por uma sensibilização ambiental. "A população precisa estar sensível à necessidade de se cuidar do ambiente. É mais do que consciência, é sentir. O resíduo sólido é algo que bate, permanentemente, na nossa porta. O papel que você joga em qualquer lugar entope bocas-de-lobo, causa alagamento, aumenta a necessidade de varrição. É preciso educação ambiental e sensibilização ambiental."

O diretor operacional do Demlurb acredita que a cultura da lixeira pública é "bem brasileira". "No Japão, não se encontra facilmente uma lixeira. Os centros de reciclagem estão dentro do próprio comércio. O poder público precisa do apoio da população. Em muitos lugares há lixeiras e o chão continua sujo", afirma Delgado.