Alunos de escola estadual protestam por reforma de prédio histórico

Alunos e professores protestaram na manhã desta quinta-feira, 24 de abril, pela reforma das antigas instalações da Escola Estadual Delfim Moreira, antes abrigada no Edifício dos Grupos Centrais, localizado na esquina da avenida Rio Branco com a rua Braz Bernardino, no Centro de Juiz de Fora. A escola atende hoje a aproximadamente 1.700 alunos, nas 22 salas de aula de um prédio alugado, localizado na rua Santo Antônio, que, segundo os manifestantes, não é adequado para o número de alunos.

Segundo a professora de português, Aparecida Reis, o valor do aluguel mensal pago pelo Governo de Minas seria suficiente para custear uma reforma. "Estamos num prédio que está sendo alugado por R$ 35 mil, que não oferece condições de trabalho. É um lugar apertado, com falta de cadeiras, mesas para professores, infraestrutura precária para os estudantes. O que se pergunta é por que o Governo de Minas tem R$ 35 mil reais para alugar um prédio e não tem o mesmo valor para investir num patrimônio histórico de Juiz de Fora, que é o Grupo Central? Se eles nos dessem mil reais por mês, não teríamos que sair daqui", questiona.

• Devotos de São Jorge comparecem à Igreja Greco Melquita
• Jovens são presos por tráfico de drogas em Santa Terezinha
• Trio armado leva R$ 350 de coletivo no bairro Cidade Nova

Diretora de cultura do Grêmio Estudantil, a aluna do segundo ano do Ensino Médio, Vanessa Fávero, tem medo que a situação se arraste por um longo tempo. "Já tem um ano que saímos do prédio centenário e até agora nada de reforma. A gente teme que aconteça como na escola Estevão de Oliveira: os alunos saíram do prédio original há dez anos e até agora nada de reforma. A superintendência está de olho no nosso colégio, não podemos perdê-lo. O estado está fechando as turmas à noite, a escola está lotada e o prédio é muito precário. Tem alunos sentando no chão", contesta.

Projeto deve ficar pronto em junho, afirma Secretaria

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (SEE) alega que a obra de reforma e restauração da Escola Estadual Delfim Moreira está em fase de elaboração de projeto. "Somente para esta etapa, o investimento da Secretaria de Estado de Educação é de quase R$ 250 mil. Por se tratar de um prédio histórico, o projeto é mais complexo, pois contempla, além da reforma, a restauração das características originais do edifício. A previsão é de que o projeto finalizado seja apresentado em junho", prevê.

O edifício centenário dos Grupos Centrais é tombado pelo decreto 2864, de 1983. O dispositivo determina a preservação da fachada, voltada para a avenida Rio Branco, preservando elementos como o portão, grades, janelas e revestimento, além da volumetria do núcleo originário, ou seja, o conjunto das dimensões que determinam o volume da edificação, que engloba parte da rua Braz Bernardino. O espaço possui 26 salas de aula.

Segundo a assessoria de comunicação da Fundação Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), até o momento, não existe projeto de reforma solicitado por parte do Governo Estadual. O órgão explica que um projeto desse tipo deve ser apresentado pelo proprietário, no caso o Governo de Minas, e submetido ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) para a apreciação dos especialistas. O conselho se reúne mensalmente.

Sobre o imóvel que abriga hoje a escola, a Secretaria (SEE) informa que foi o único encontrado na região com capacidade para abrigar o quantitativo de alunos. "Foram realizados reparos e adaptações para que o prédio pudesse atender às necessidades da escola", completa. De acordo com a SEE, uma equipe da Superintendência Regional de Ensino fará uma visita à escola para verificar as questões levantadas pelos alunos e estudar a necessidade de implantação de um projeto para conscientização e preservação do patrimônio comum.

Audiência Pública discutirá situação do Ensino Médio Noturno

Na tarde desta quinta-feira, às 15h, será realizada uma audiência pública na Câmara Municipal de Juiz de Fora para discutir o fechamento das turmas do Ensino Médio na rede estadual em Juiz de Fora. A pedido do vereador Roberto Cupolillo, foram convidados a coordenadora do Sindicato União dos Trabalhadores em Educação, (Sindiute/JF), representantes da Superintendência Regional de Ensino, do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, do Conselho Municipal da Juventude, e a Juíza de Direito e Promotor de Justiça da Vara da Infância e Juventude.