Não deixem que lhes roubem a esperança
Não deixem que lhes roubem a esperança
Esperança é uma palavra vencedora. Quando tudo parece perdido, irremediável, destruído, ela comparece para salvar. Ela é capaz de transformar a derrota em vitória, o perigo em alívio, o desespero em alegria. A esperança é tão poderosa que consegue tirar do domínio da morte os que não veem mais razão para viver.
Indigentes se tornam nobres, miseráveis se tornam ricos, criminosos passam a ser bons, corruptos se convertem, ladrões devolvem quatro vezes mais o que roubaram, como os Zaqueus que se repetem no caminhar da história (cf. Lc 19, 1-10).
A esperança transforma as cinzas em fênix, a cruz em sinal de vida, as lágrimas em vitória. A esperança é a última que morre, diz o jargão popular. Ela é desprezada pelos pessimistas, ameaçada pelos gananciosos, agredida pelos incrédulos. Da esperança tudo renasce, ainda que pareça impossível recomeçar. O pecado costuma tirar a esperança, causar o desânimo e desiludir quem ia bem e de repente cai. A esperança é uma senhora que vem dar a mão àquele que se desiludiu consigo mesmo ou com a situação em que foi precipitar-se.
Quando os fiéis entram na fila para receber, sobre suas cabeças, um pouco de cinzas na quarta-feira que dá início à Quaresma, eles não estão fazendo um ato derrotista, nem de tristeza inútil, nem de mergulho na escuridão daquilo que o fogo destruiu. Ele está fazendo uma profissão de fé na força da esperança. Ainda que tudo pareça arruinado, há uma potência interior que não permite ao ser humano desistir de si mesmo nem dos outros. Ela recobra a energia do perdão, o ânimo para não desistir, a confiança nas pessoas, a amizade que ficou ameaçada.
A esperança é capaz de transformar a dor em alívio, como aconteceu para o Bom Ladrão que recebeu perdão no último momento de sua vida, porque acreditou na vitória dos inocentes que conseguem amar os que não o são e que não humilham os que caíram feio no inferno da criminalidade (cf. Lc 23, 40-42).
A esperança é filha da fé e ambas se juntam para que aconteça a caridade. Ao entrar no caminho quaresmal, o fiel mergulha na piscina da esperança e dela sai limpo, renovado em seu ânimo e certo de que a morte não tem tanta força assim, pois o calvário dará lugar à ressurreição, e aquilo que parecia não ter mais remédio encontrou vida nova.
O pecador que crê é capaz de se humilhar debaixo do arrependimento sincero, mas não se deixa derrotar pelo desânimo. Podem nos roubar a paz, o dinheiro, a honra, a dignidade, a saúde, a alegria, a confiança, mas não são capazes o bastante para nos roubar a esperança, se cremos na força recreativa de nós mesmos, na capacidade de reerguer do chão mesmo se a queda se repetiu três vezes no caminho do Gólgota.
Outro dia ouvi uma palavra animadora: “o pecado não consegue destruir aquele que crê em Cristo”. Verdade! O Cristo que seguimos na Quaresma nos levará à Páscoa. A esperança não nos será roubada, a alegria voltará a acontecer, pois não estamos sozinhos. Ele vive entre nós! Quer mais segurança?
Obrigado, Papa Francisco por ter deixado ao mundo na Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, em 2013, a sua mensagem: “não deixem que lhes roubem a esperança”.