Quinta-feira, 25 de junho de 2009, atualizada às 15h06

Soluções para a crise dos catadores serão discutidas em encontro

Clecius Campos
Repórter

A crise econômica que acomete os catadores de papel em Juiz de Fora será tema de um encontro realizado Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) População de Rua. O evento ocorre no próximo sábado, dia 27 de junho, às 8h30, no Centro de Convivência do Idoso (rua Espírito Santo, 454). De acordo com a presidente da associação, Flávia Helena Dias da Silva, a cooperativa, que chegou a ter 48 associados, sofre com a desistência de inúmeros catadores na cidade, que não conseguem tirar da atividade seu sustento.

"Hoje, contamos com apenas 17 associados. Antes da crise, um catador terminava o mês recebendo cerca de um salário mínimo. Agora, não está dando para conseguir nem meio salário." Para se ter uma ideia, hoje o papel é vendido a R$ 0,03. Antes da crise chegou a valer R$ 0,15. O papelão, hoje vendido a R$ 0,12, já foi avaliado em R$ 0,23 no passado.

De acordo com a assessora de Assuntos Estratégicos do setor de Atenção Especial da Prefeitura, Alexandra Rossi, como forma de melhorar a qualidade de vida e a renda dos trabalhadores, será proposta a criação de uma rede de apoio ao catador, formada pelas associações existentes no município. “Dessa forma as associações são fortalecidas, já que o trabalho em rede é mais valorizado e os trabalhadores conseguem vender seus materiais a preços melhores, quando cooperados.”

Para isso foram convidados representantes da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal, do Fórum de População de Rua, do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) e da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) que realizam reuniões conjuntas em prol dos catadores desde o início do ano.

Para Flávia, o encontro ajudará a associação a se organizar melhor para poder cobrar com mais propriedade por auxílio do poder público. “Com a união dos catadores, conseguiremos mais resultados nos encontros realizados na Câmara.”

Segundo a catadora, o evento vai apresentar ainda experiências de fora que podem ajudar a solucionar o problema dos catadores da cidade. "Serão realizadas palestras sobre formas de combater a crise, reciclagem, lixo e cidadania. Representantes de associações e cooperativas de Belo Horizonte e municípios do entorno de Juiz de Fora foram convidados para compartilhar."
Doações

Segundo Flávia, a melhor forma de a comunidade ajudar os catadores da cidade é doando. "Todos os tipos de materiais recicláveis são aceitos. Papéis, papelões, plásticos e sucatas. Até peças de computadores podem ser recicladas na associação." A Apares recebe ainda roupas, cobertores e móveis. Quem quiser doar pode ligar para (32) 3690-7161. Os catadores buscam as doações em casas no Centro da cidade e em bairros do entorno.

Programação

8h30 – Acolhida Ecumênica
9h – Abertura Oficial
9h30 – Palestra: Rede solidária. Com Madalena Rodrigues, diretora financeira do Cataunidos
10h30 – Trabalho de grupo: Implantação da rede solidária de catadores em Juiz de Fora
11h30
– Plenária: Apresentação de propostas
12h30 – Almoço
13h30 – Apresentação cultural: Dança dos adolescentes do Curumim e da Casa do Pequeno Artista
14h – Apresentação dos serviços oferecidos pelos Cras e Creas
15h – Painel de debates. Temas: Legislação brasileira de resíduos sólidos, mobilização e sensibilização da comunidade para a coleta seletiva, criação do Fórum Municipal de Lixo e Cidadania e alternativas para a crise, realidade do catador em Juiz de Fora
16h – Trabalho em grupo
17h – Plenária: apresentação de propostas

Os textos são revisados por Madalena Fernandes


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