Aproveitamento de água de chuva dribla o desperdício Medida é ecologicamente correta e pode trazer economia. O custo do investimento varia de acordo com o projeto
Repórter
03/10/2008
Cerca de 30% a 40% da água no Brasil é perdida. Para driblar o desperdício, o setor da construção civil desenvolve alternativas que podem permitir a diminuição dos impactos ambientais. Uma delas é o sistema de aproveitamento da água de chuva.
A medida é considerada ecologicamente correta e já é adotada nos países da América do Norte e Asiáticos. No Brasil, a utilização ainda é tímida. Segundo o professor doutor em recursos hídricos, Luiz Evaristo Dias de Paiva (foto abaixo), a falta de incentivo do governo é um entrave para se adotar uma gestão contra as perdas e desperdícios.
"O Brasil se encontra em situação privilegiada no aspecto quantitativo de água. O problema é a má distribuição por território, o que dificulta a gestão. Desde 2000, entretanto, já existem ações isoladas de implantação do sistema de captação da chuva"
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O especialista Bruno Souza desenvolveu uma monografia do Curso de Especialização em Análise Ambiental e concluiu que o aproveitamento da água de chuva ajuda a reduzir as enchentes, compensa as distorções introduzidas no ciclo hidrológico pelas atividades da cidade e contribui para a sustentabilidade ambiental.
A medida pode também proporcionar economia. "Estudos da Agência Nacional de Água (ANA) apontam que a quantidade de água de chuva que cai durante um ano sobre o telhado de cem metros quadrados de área é suficiente para abastecer uma família de quatro moradores durante seis meses"
, afirma Paiva.
Paiva alerta, contudo, que a água não deve ser utilizada para consumo humano e sim para fins menos nobres, como lavagens de áreas externas, regas de jardins, irrigação e descargas sanitárias, as grandes vilãs das residências. "Não acredito que vamos chegar a uma situação que um local vai ser totalmente atendido pela água da chuva, devido a sua qualidade. O sistema será, na verdade, um complemento"
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O sistema de aproveitamento da água pluvial é composto por subsistemas: captação, condução e armazenamento. A captação é feita por calhas instaladas nos telhados, a condução ou encaminhamento se dá por meio de tubulação hidráulica, que leva a água de chuva por tubos verticais, sendo que os horizontais é que vão conduzir até o reservatório.
Investimento
Segundo Paiva, o investimento varia de acordo com o projeto, que vai ser desenvolvido considerando as características do imóvel, com a quantidade de água de chuva a ser aproveitada e com o uso que será feito. "As indústrias e os prédios comerciais tendem a ser compensados rapidamente com a economia feita no consumo de água tratada"
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O Coordenador do Curso de Especialização em Análise Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF, Cézar Barra, implantou o sistema em sua casa em 1999. "Construí uma caixa de 5.500 litros e uma rede de água separada para atender as bacias sanitárias, torneiras de jardim e quintal, máquina de lavar e tanque. Os gastos foram iguais aos para instalar uma rede de água comum. O acessório que fica a mais é o filtro que deve ser colocado entre o telhado e a caixa. Minha casa tem 1000 metros quadrados com 270 metros quadrados de área construída, quatro habitantes e três cachorros"
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Barra utiliza a água aproveitada da chuva, ou água não nobre, para regar as plantas e árvores frutíferas e fazer a lavagem da garagem. "O tratamento que faço é igual ao das piscinas, aplicando apenas cloro, de acordo com orientações dos fabricantes"
. Ele afirma que a economia obtida varia de 49% a 76%. "Utilizo água tratada da Cesama apenas na cozinha e nos banheiros, pagando uma média de R$ 20 por mês"
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