Djavan no Rock in Rio faz karaokê a céu aberto em estreia tardia

Por LUCAS BRÊDA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Djavan fez um show recheado de ineditismo no palco Mundo, o principal do Rock in Rio, no fim da tarde de sábado (10). Foi a primeira vez do cantor alagoano no maior festival do país, apesar de uma carreira longa e bem-sucedida na música.

Ostentando um estilo cool, de óculos escuros apesar da noite caindo, ele preparou um setlist de sucessos para a ocasião. Até quem não é fã do cantor sabia cantar músicas como "Sina", "Acelerou" e "Eu te Devoro", que abriram a apresentação.

É verdade que Djavan não parece muito chegado a plateias imensas e grandes festivais, e prefere fazer shows fechados, geralmente com uma turnê dedicada a um álbum de inéditas. Isso é algo que está mudando, não só pela presença no Rock in Rio, mas na escalação em outros festivais Brasil afora, especialmente neste ano.

Ele até lançou um novo disco, "D", no mês passado, e o single "Num Mundo de Paz" não ficou nada deslocado no repertório. Do álbum, ele também tocou "Iluminado", encerrando a apresentação com toda sua banda assumindo os microfones e reforçando os desejos de paz para o Brasil.

Antes da performance derradeira, ele deixou uma mensagem contra as "coisas esquisitas que tomaram a nossa vida". "Nosso povo é lindo, maravilhoso, digno de respeito", afirmou o cantor, que recentemente declarou voto no ex-presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores, na próxima eleição. O público respondeu com xingamentos ao atual presidente, Jair Bolsonaro, do Partido Liberal.

No Rock in Rio, ficou claro o poder do cancioneiro do alagoano. Não é exagero dizer que ele tem um dos repertórios mais conhecidos entre os artistas que passaram pelo palco Mundo -e isso inclui todos os nomes estrangeiros.

Foi um show que agradou a gregos e troianos e botou até funcionários dos bares e outros serviços do festival para cantarolar, além do sambista Jorge Aragão e da cantora pop Luísa Sonza, filmados na plateia. E Djavan não precisou fazer nenhum esforço para isso, cantando tranquilo enquanto caminhava pelo palco.

Em determinado momento, o clima de paz e romantismo emanados dos músicos pareciam instaurados na multidão, que cantou junto com praticamente tudo -"Açaí", "Nem Um Dia", "Se", "Oceano", "Flor de Lis", o que fosse. Não foi um show que evocou o balanço, mas foi a trilha sonora que sublimou o anoitecer no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro.

O setlist não ficou preso a uma fase de Djavan, e abrangeu sucessos dos anos 1970, 1980, 1990, 2000 e 2020. Faltou tempo para tanto hit, e os que couberam no show transformaram o palco Mundo num karaokê a céu aberto, conforme Djavan largava o microfone para ouvir as dezenas de milhares de pessoas à sua frente.

Deu até para dançar na sequência final, que incluiu "Samurai" e "Lilás", faixas mais balançadas. Foi só a estreia, mas Djavan, mesmo bastante tranquilo, parece feito para as massas, um nome com poderio para marcar ainda mais presença nos grandes palcos do país -ainda que, de certa forma, tardiamente, depois dos 70 anos de idade.