ArtRio começa com obras que vão dos R$ 440 aos R$ 900 mil no Rio de Janeiro

Por DANILO THOMAZ

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um dos poucos eventos culturais que continuaram a ser realizados presencialmente mesmo na pandemia de Covid-19, a ArtRio abre hoje com altas expectativas a sua 12ª edição, a sexta dela realizada na Marina da Glória.

Neste ano haverá 62 galerias e 15 instituições, divididas nas mostras Panorama, que ocupa o pavilhão principal do espaço, Vista e Solo.

São seis expositores a mais que no ano passado, razão pela qual as galerias do setor Vista, dedicado àquelas que têm até dez anos de mercado, ocuparão a área externa.

O foco permanece nas galerias nacionais, com exceção da italiana, que mantém operações também no Brasil. "Desde 2016 entendi que a internacionalização seria melhor do ponto de vista dos colecionadores", afirma Brenda Valansi, a presidente da feira, que deve receber 30 nomes estrangeiros nesta edição, retomando um movimento que havia sido interrompido nos dois últimos anos.

A galerista Alessandra D'Aloia, da Fortes D'Aloia & Gabriel, era na manhã desta terça-feira (14) uma das mais animadas para os cincos dias de feira --e não era pela volta do céu azul após três dias de chuva. "Já tem metade [das obras] vendidas. Vai ser quente", disse.

A galeria Anita Schwartz, do Rio de Janeiro, traz uma pequena individual com obras históricas da artista Lenora de Barros --e uma dose de otimismo.

A feira não divulga valores das obras. Em seu "market place", a obra mais cara é uma pintura de Tomie Ohtake avaliada em R$ 900 mil. Há também a tela "Ivete", de Di Cavalcanti, no valor de R$ 840 mil. Ambas são comercializadas pela Galeria Frente, que detém as obras mais caras da feira na página virtual.

A obra mais barata é a escultura "Manifestante", de Guga Ferraz, da Arte Hall, por R$ 440. Há poucas obras entre R$ 1.000 a R$ 1.500, mas um número razoável de preços entre R$ 5 mil e R$ 6 mil.

Como acontece em dez de cada dez eventos culturais de hoje, o identitarismo tem lugar de fala pintado, estampado, instalado, gravado e pronto para ser debatido. "Artista Negro Galerista Branca", do artista Gervane de Paula, no estande da Aura Galeria, inspirou um debate de mesmo título que acontece no sábado, às 18h.

"Fui me dar conta do racismo quando me dei conta do meu lugar de privilégio", afirma o galerista da Aura, Nei Vargas. Em seu doutorado, Vargas fez um levantamento sobre o colecionismo privado no Brasil junto a 83 colecionadores. "O que define o acesso é a melanina. Tenho um super privilégio social sem ter herança ou casamento."

Para participar da ArtRio, as galerias passam por uma seleção que avalia uma série de predicados, como seu projeto para a feira, os artistas que representa e, em último grau, o compromisso identitário. "É um conteúdo muito em voga", afirma Brenda.

O conteúdo político para aí. Quem for à feira não encontrará menções ao pleito de 2022 nas obras, embora Brenda afirme que a expectativa eleitoral tenha tensionado as expectativas pré-feira. "Todo ano de eleição é uma questão. Mas é um mercado muito sólido. Resiste a guerras, pandemias e anos eleitorais."

A ArtRio conta com patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura, a Rouanet. Para realização desta edição, os organizadores obtiveram R$ 3,85 milhões de incentivo. Os dados foram levantados junto ao sistema Salic Web, do governo federal.

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Quando: De quinta (15) a sábado (17), das 13h às 21h. Neste domingo (18), das 12h às 20h

Onde: Marina da Glória - av. Infante Dom Henrique, s/n º, Glória

Preço: R$ 80

Classificação: Livre

Acessibilidade: Acessibilidade arquitetônica