Bruce Willis nega ter vendido os direitos de sua imagem para empresa de 'deepfake'
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um comercial para a empresa de telecomunicações russa Megafon em 2021 deu origem a um boato de que o ator norte-americano Bruce Willis, 67, teria vendido os direitos de imagem de seu rosto para uso com a tecnologia "deepfake" em futuros filmes.
"Deepfake" é uma tecnologia que usa Inteligência Artificial (IA) para trocar o rosto de pessoas em vídeos, sincronizando movimentos labiais e expressões. Desta forma, é como se o copiado estivesse atuando, em comerciais ou filmes.
A confusão começou na terça (27), quando o jornal inglês Daily Mail publicou uma reportagem sobre a suposta venda de imagem por Willis, baseado nos comentários do ator na página da empresa que fez o comercial russo, a Deepcake, baseada nos Estados Unidos, mas pertencente ao ucraniano Maria Chmir. No dia seguinte, foi a vez de o The Telegraph publicar texto semelhante, seguido por outras mídias.
No entanto, ouvido pela BBC News, um representante de Willis negou que haja qualquer acordo. "Saiba que Bruce não tem parceria ou acordo com esta empresa Deepcake", disse o agente à BBC, que também recebeu um comunicado da companhia informando que havia um mal-entendido.
"O texto sobre direitos está errado... Bruce não poderia vender os direitos a ninguém, porque eles são dele por padrão", explicou um representante da empresa.
O comentário de Willis que provocou o mal-entendido foi: "Gostei da precisão do meu personagem. É uma grande oportunidade para eu voltar no tempo. A rede neural foi treinada no conteúdo de 'Duro de Matar' e 'Quinto Elemento', então, meu personagem é semelhante às imagens da época".
Segundo a reportagem da BBC, o agente do ator não explicou se a frase é mesmo de Willis e a que ela se referia. A empresa, porém, afirmou que os produtores estiveram em contato pessoal com o ator e que teria recebido dele informações e documentos para a realização do comercial.
O fato que aumentou a força do boato é que Bruce Willis havia anunciado em março que estava se aposentando por sofrer de afasia, uma condição neurodegenerativa que afeta a capacidade de comunicação verbal e, conforme evolui, prejudica também a escrita. Ela pode ter como causa o AVC (acidente vascular cerebral), que é uma das mais frequentes, o aneurisma, traumas, infecções cerebrais, tumores e outras doenças degenerativas que afetam o cérebro.
Como a tecnologia "deepfake" possibilita criar "gêmeos digitais" dos personagens, inclusive mais jovens ou mais velhos, ela já está presente em obras do cinema, como no filme "Rogue One: Uma História Star Wars", de 2016, e na segunda temporada da série "O Mandaloriano".
Ator de grande sucesso em Hollywood, Willis estourou na carreira quando estreou na série de televisão "A Gata e o Rato", transmitida entre 1985 e 1989 nos Estados Unidos. Outro papel que o alçou à fama foi como John McClane, no filme de ação "Duro de Matar", de 1988, seu primeiro trabalho como protagonista de uma franquia de filmes blockbuster, segmento no qual ele se destacou.
Ao longo da carreira, os filmes de Willis já renderam mais de US$ 5 bilhões ao redor do mundo. Ele já foi indicado a cinco Globos de Ouro e três Emmys.