Evan Dando, vocalista dos Lemonheads, diz que vai se mudar para São Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Evan Dando está feliz da vida. Conhecido por ser vocalista, compositor e guitarrista da banda The Lemonheads, uma das joias do rock alternativo dos anos 1990, o americano de 55 anos está namorando Antônia Teixeira, filha do músico Renato Teixeira.
Seu outro amor é pelo Brasil. "Aqui é como a Austrália, mas felizmente ninguém fala inglês", diz ele por videoconferência, antes de fazer dois shows de voz e violão no Sesc Avenida Paulista nesta sexta-feira (3) e no sábado (4), mesmo dia em que completa 56 anos. Os ingressos para as apresentações, que receberão 180 pessoas cada, estão esgotados.
Ter parado de usar drogas, algo que o acompanhou por décadas, é outra razão para ele estar saltitante, diz. "Ainda tomo cerveja e, vez ou outra, um alucinógeno, mas as drogas pesadas não uso mais. Você não tem amigos de verdade quando usa heroína."
Agora, ele diz estar planejando se mudar para São Paulo. "Estou de saco cheio dos Estados Unidos. Não conseguiria trabalhar lá. Amo o meu país, mas amo o Brasil ainda mais. Não quero soar raivoso ou ressentido, mas estou raivoso e ressentido porque os americanos perderam a alegria."
O músico, que tem a voz imortalizada em hits como "It's a Shame About Ray", "Mrs. Robinson" -cover da dupla Simon & Garfunkel- e "Big Gay Heart", diz acreditar que envelhecer o ajudou a melhorar no ofício.
"Ninguém achava que nessa idade eu estaria na ativa. Mick Jagger e outros [artistas do rock] achavam que iriam ficar nessa por quatro, cinco ou talvez seis anos e só. É o modismo do momento, sabe? Mas eles se subestimaram", diz. "Os caras que fazem blues ficaram melhores conforme o tempo passou. E eu estou ficando melhor, na minha opinião. Exijo muito de mim."
Ele afirma que esta é a razão pela qual os Lemonheads não lançam nada desde "Varshons II", de 2019, e "Varshons", de 2009, ambos discos de covers. O álbum de inéditas mais recente é "The Lemonheads", de 2006, ao passo em que o primeiro -e até hoje único- disco solo do artista é "Baby I'm Bored", de 2003.
"Posso fazer melhor do que já fiz. Fiz coisas boas até agora, mas nem comecei a entender direito o que isso representa", diz o cantor, que era considerado um galã do grunge e foi eleito uma das 50 pessoas mais bonitas do mundo pela revista People em 1993.
A empolgação com a nova fase chegou a ponto de ele tocar em um bar vazio no bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. Nos shows no Sesc, ele vai tocar músicas do catálogo da banda, entre elas "Into Your Arms", "Being Around", "Ride with Me", "The Outdoor Type", "Tenderfoot" e "Different Drum".
O cantor tem uma relação histórica com o Brasil. Em 2004, um crítico da Folha afirmou ter sido constrangedora uma performance dos Lemonheads em São Paulo em que o o artista estava sem voz.
Ele lembra ainda que, num dos shows, em Santos, no litoral paulista, um grupo de homens protestou contra a banda por causa da canção "Big Gay Heart", ou grande coração gay. "Isso me faz pensar no passar do tempo. Hoje isso não aconteceria mais", diz ele, que não quer ir embora do Brasil.