Dani Calabresa disse que conversas sensuais com Melhem eram por medo

Por CATIA SEABRA

SÃO PAULO, SP - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Travando uma disputa na Justiça e na opinião pública desde 2020, a atriz Dani Calabresa e o diretor Marcius Melhem tiveram um confronto virtual em novembro de 2021. Ao participar de uma audiência pública virtual na 22ª Vara Cível, de São Paulo, os dois apresentaram versões distintas sobre a natureza da relação que mantiveram de 2015 a 2020, quando ela integrava o elenco do Zorra, programa que ele ajudou a criar .

Para Melhem, os dois mantinham uma relação amistosa. "A gente tinha uma relação. Ela mesma dizia da relação de amizade que a gente tinha, de carinho, de proximidade", declarou ele.

Minutos depois, Calabresa negou que mantivessem uma relação de amizade. "Ele era chefe. Eu disfarçava por mensagem: 'Nossa, olha que amizade! Hahahaha. Também te amo!" Ele não era o meu amigo', afirmou ela.

No depoimento ao juiz Fernando Henrique de Oliveira Biolcati, Melhem negou acusação de assédio sexual, mas admitiu que mantinha relacionamentos tóxicos. Como exemplo, ele afirmou não ter sido um bom namorado para a atriz Verônica Debom, uma das testemunhas do caso.

"Acho que fui um homem tóxico, sobretudo com a minha ex-mulher. Acho que o homem que trai sua mulher, como eu traí, várias vezes, com colegas de trabalho, é uma pessoa tóxica. Agora, no campo profissional, sempre tracei o limite da ética. Nunca houve troca de favores em troca de nada", afirmou. "Não tem nenhum 'toma lá dá cá'. Não tem ninguém que tenha sido prejudicado, coagido ou beneficiado porque se relacionou ou não se relacionou comigo."

Ao comentar a troca de mensagens com Melhem, Calabresa afirmou, por sua vez, que era uma maneira de disfarçar e de escapar de puniões. "Sei que friamente, você lendo as mensagens, parece que tem uma troca, parece que dá trela. Tenho raiva disso, porque sou uma pessoa extremamente carinhosa e sou uma pessoa extremamente grata. Eu amava tanto trabalhar, que preferia que ele sentisse esse excesso de gratidão."

"Sabe o que eu pensava? Para mim, é melhor que ele goste de mim. Acho ele tão frio, tão maldoso, que quanto mais ele gosta de mim, para mim é até melhor, que ele não vai ser maldoso comigo, ele vai me dar o meu projeto, ele não vai bater de frente comigo. Deixa ele me cantar, deixa me chamar de gostosa, para mim era até uma vantagem, uma pessoa maldosa me cantar."

Melhem trabalhou na Globo de 2003 a 2020, sendo promovido a cargo executivo em outubro de 2018. Em depoimento, afirmou ter sido responsável pelo convite a Calabresa para ingresso na emissora em 2015, o que a atriz nega.

Dani atribui a sondagem a Mônica Albuquerque, ex-diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico da emissora, com quem, admitiu mais adiante, não tinha relação.

Os depoimentos foram prestados à Justiça Cível de São Paulo, onde Melhem entrou com uma ação por danos morais após a Revista Piauí publicar reportagem sobre as denúncias de assédio sexual e moral.

Em 15 de dezembro de 2020, a defesa do ator enviou a Calabresa uma notificação extrajudicial para que, no prazo de cinco dias, ela confirmasse ou negasse o teor da reportagem. Essa iniciativa deu início à disputa judicial que se estende desde então.

No dia 22 do mesmo mês, Calabresa prestou depoimento à Ouvidoria Nacional do Ministério Público. Seu depoimento e o de outras sete mulheres foram remetidos ao Ministério Público do Rio de Janeiro.

Em julho de 2021, o inquérito foi instaurado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) no Rio, onde Melhem é investigado.

No Rio, o caso passou por oito autoridades: uma juíza, três promotores e quatro delegadas.