Toni Collette estrela série com garotas que têm superpoderes: 'Metáfora destes novos tempos'
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os problemas comuns da adolescência são apenas uma parte de "The Power", série lançada na sexta-feira (31) pelo Prime Vídeo. Adaptação da obra homônima da britânica Naomi Alderman, a produção traz nas entrelinhas um discurso de igualdade de gênero a partir das mudanças que ocorrem na vida de cinco adolescentes que passam --do nada-- a terem o poder de eletrocutar pessoas apenas usando as mãos.
Oriundas de diferentes partes do mundo, essas jovens passam por crise de identidade, pouco diálogo com os pais e até abusos de padrastos. Para liderar esse grupo de super-heroínas, "The Power" conta com uma mulher respeitada dentro e fora das telas: Toni Collette. Atriz lembrada por "O Sexto Sentido" e "United States of Tara", entre muitas outras produções, ela vive Margot, a prefeita de uma cidade que vive discutindo com a filha, Jos (Auli'i Cravalho), também herdeira do poder especial.
Em entrevista ao F5, por vídeo, Toni se mostrou empolgada com o duplo significado da série. "O poder ali é uma metáfora destes novos tempos em contraponto com o que vinha antes, em que somente os homens eram encorajados a fazer coisas. A série é sobre igualdade e vemos a política global mudando aos poucos. Por isso, essa história mostra que mulheres estão em evolução e em revolução nos nossos tempos", acredita ela, que se inspirou em personalidades reais como Jacinda Ardern, ex-primeira ministra da Nova Zelândia, para o papel.
John Leguizamo (do recente "O Menu") vive o marido de Margot. Ele aponta que "The Power" consegue apresentar essa dualidade com o feminismo, mas que fala principalmente sobre a luta diária das pessoas --sejam homens ou mulheres. "Ter o poder é uma contradição. Na série, elas vivem o tempo difícil da puberdade, mas acho que buscamos mostrar que cada um tem seu próprio poder: nós podemos estar inconformados com algo, mas devemos sempre tirar isso das costas e batalhar para virar o jogo", explica.
DILEMAS E EXPLOSÕES
Uma das tramas mais interessantes de "The Power" é a de Allie (Halle Bush). Adotada e incompreendida pelos pais, ela passa a infância muda e sofrendo abusos de seu padrasto. Logo no primeiro episódio, ela participa de uma sessão de terapia em que a mãe e o marido tentam entender o motivo de ela não falar. Quando menos se espera, ela não apenas solta suas primeiras palavras, mas também se vinga do pai adotivo, literalmente, com as próprias mãos.
Outros núcleos são o de Roxy (Ria Zmitrowicz), que busca vingar a morte da mãe por gângsteres; Tatiana (Zrinka Cvitesic), esposa de um brutal ditador do leste europeu; e o jornalista Tunde (Toheeb Jimoh), amigo de uma das meninas "abençoadas" pela eletricidade "corporal".
A showrunner Raelle Tucker, também em entrevista ao F5, conta que todos esses casos acabam falando muito sobre sua própria vida, que sempre foi guiada por mulheres fortes. Para efeito de comparação, ela cita "Game of Thrones". "Na série medieval, tínhamos mulheres com muito medo, mas fortes. Em 'The Power', elas são mais reais e complicadas, mas sempre tentam ir em frente."
Com esses elementos, "The Power" consegue ser muito mais do que explosões gratuitas e jovens com eletricidade correndo pelas veias. Com apenas três dos oito episódios lançados --os próximos chegam ao Prime Vídeo semanalmente, às sextas-feiras--, a série acerta por ser moderna, necessária e um pouco fantasiosa. Tudo na medida certa.