Relembre trabalhos de Tina Turner no cinema, espelho de sua imagem explosiva

Por GUSTAVO ZEITEL

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O cinema foi um espelho da arte que Tina Turner, morta aos 83 anos nesta quarta-feira, cultivou na veste e no corpo --na ficção e na realidade. O penteado era elétrico como o som das guitarras, e as roupas brilhosas correspondia à qualidade explosiva de sua música.

Em 1993, seu estilo foi reproduzido pela atriz Angela Bassett, indicada ao Oscar de melhor atriz um ano depois. Ela viveu a cantora na cinebiografia "Tina - A Verdadeira História de Tina Turner", escrita por Kate Lanier e dirigida por Brian Gibson, que também seria indicado ao Oscar.

O drama é centrado no relacionamento conflituoso que a artista manteve com o empresário e marido, Ike Turner. A felicidade conquistada pelo sucesso comercial da carreira artística estabeleceu um contraste com o pesaroso cotidiano do matrimônio.

No mesmo ano, Tina, ela própria, se engajou como atriz na produção do blockbuster "O Último Grande Herói", uma sátira aos filmes de ação, idealizada por John Mctiernan e estrelado por Arnold Schwarzenegger. No filme, a cantora fez uma aparição especial interpretando a prefeita de Los Angeles.

Mas seu papel mais emblemático talvez tenha sido em "Mad Max - Além da Cúpula do Trovão", terceiro filme da série, dirigido por George Miller e lançado em 1985.

Nele, Tina viveu a vilã Titia Entity, governanta do povoado de nome Barterdown. A personagem lutava com Master, papel de Angelo Rossito, para ter a cidade em seus domínios. Para tanto, pediu ajuda de Max, encarnado por Mel Gibson, que, em troca, teria seus pertences roubados de volta. Sua participação no em "Mad Max - Além da Cúpula do Trovão" também é lembrada pela música "We don't Need Another Hero", cantada por ela durante o filme.

Antes, Tina já havia atuado em "Tommy", dirigido por Ken Russel. Inspirada na ópera rock da banda britânica The Who, o filme acompanha a formação de Tommy, menino cego, surdo e mudo, que se torna campeão de pinball e se torna rico e famoso. Na produção, que reuniu grandes nomes da música como Eric Clapton e Elton John, Tina foi The Acid Queen.

Em trilhas sonoras, sua presença esteve atrelada à franquia 007. A música "Goldeneye", cantada por ela, é tema de "007 contra Goldeneye", lançado em 1995. Era o primeiro filme em que o ator Pierre Brosnan interpretava o agente secreto. A voz de Tina é ouvida em filmes de ação até animações -- "Morte Silenciosa", de 1971, "Amantes de Verão", 1982, "Esses Médicos Muito Loucos", de 1985, "Dias de Trovão", de 1990, "Irmão Urso", de 2003.

Certo, poucos artistas delimitaram tão bem sua identidade vocal. Do rock iconoclasta às rádios de light music, o timbre rasgado era sua assinatura. Mas o cinema conseguiu sintetizar sua imagem forte, que se apresentava nos palcos. Tina sempre foi cinematográfica.