Festival Amazonas de Ópera é cancelado por crise econômica no governo

Por GUSTAVO ZEITEL

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Festival Amazonas de Ópera, o mais tradicional dedicado à arte lírica no país, não vai ocorrer neste ano. O motivo é a falta de verba para o cumprimento da agenda programada para a 26ª edição, que ocorreria em abril.

Em nota, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas afirma que a vigência, por tempo indeterminado, de um decreto sobre a redução de gastos públicos impediu a realização do festival. Nesse contexto, a pasta, comandada por Marcos Apolo Muniz, tentou, nos últimos meses, obter um financiamento junto à iniciativa privada, mas não chegou ao montante necessário.

Muniz integra o governo de Wilson Lima, do União Brasil.

"Por entender que o equilíbrio fiscal é prioridade para os futuros avanços na administração pública do Amazonas, a secretaria buscou nos últimos meses a captação de recursos, junto à iniciativa privada, dentre outras possibilidades de parcerias que viabilizassem a produção do evento deste ano, porém sem conseguir chegar aos valores necessários", diz a nota.

Flavia Furtado, diretora do festival, não quis se manifestar sobre o cancelamento. Nos bastidores, os últimos dias foram marcados por tensão e incerteza. A direção do evento chegou a enviar cartas, informando os produtores das principais óperas selecionadas, sobre o cancelamento de suas montagens.

Até a quarta-feira (6) a direção tentava viabilizar uma versão mais enxuta do festival, com versões em concerto das óperas "Lakmé", de Léo Delibes, e "La Bohéme", de Giacomo Puccini, além da repetição de uma montagem de "Simon Boccanegra", de Giuseppe Verdi.

Os planos iniciais eram bem mais ambiciosos e propunham uma programação extensa, como nos anos anteriores. Entre as óperas anunciadas na programação, estavam "Alma", de Claudio Santoro, "Fedora", de Umberto Giordano e "O Afiador de Facas", de Piero Schlochauer. Do mesmo modo, "Lakmé" ganharia uma montagem.

Em 2015, o festival já havia sido cancelado por questões econômicas. Agora, a anulação do festival surpreende os artistas, dado que, há dois anos, um fundo havia se constituído, com o objetivo de captar recursos para o evento, garantindo sua realização.