Classe C e a TV por assinatura
Classe C e a TV por assinatura
Ao fechar um estudo relativo ao ano de 2013, a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, informou que o número de assinantes da TV paga cresceu quase 13% no Brasil no último ano. Entre o mês de setembro e outubro deste ano, o número de assinantes cresceu em mais de 250 mil. Com isso, cerca de 30% dos assinantes pagam pelo serviço há menos de um ano.
Segundo a Associação Brasileira de TV por Assinatura, ABTA, hoje o Brasil é o sexto mercado de TV por assinatura no mundo. Na frente, estão países como China, Índia e Estados Unidos, onde quase a totalidade da população possui TV fechada. Aqui, são cerca de 17 milhões de domicílios assinantes. Só em Minas Gerais, são quase 1,4 milhão de casas com TV por assinatura. Segundo a Anatel, em outubro deste ano, Juiz de Fora somou 55.191 domicílios com TV paga.
Por outro lado, os números são tão altos devido ao amplo tamanho do mercado brasileiro, que também é um dos países mais povoados do mundo. Se observarmos de perto, apenas a minoria de nossa população possui TV por assinatura em casa – cerca de 46%. Proporcionalmente, em países vizinhos como Argentina e Colômbia, o acesso da população à TV por assinatura ultrapassa em cheio o acesso do povo brasileiro. Nos dois países, cerca de 83% da população tem TV paga.
Sem dúvida, o mercado brasileiro comemora um crescimento tão expressivo como esse registrado durante o ano. Mas, diante do tamanho do mercado e do pouco acesso da população à TV por assinatura, acredita-se que este setor cresça ainda mais. Segundo estimativa da ABTA, até 2018, mais de 40 milhões de lares brasileiros terão acesso a este serviço, indicando um otimismo do setor. Por isso, tem-se apostado especialmente na Classe C, que ganhou poder de compra nos últimos anos e que, de acordo com o Instituto Ibope, representava 48% da população em 2011.
Claro que a população das classes A e B ainda compõem a maior fatia do mercado de TV por assinatura, pois totalizam 61% do número de assinantes, enquanto 36% dos assinantes pertencem à Classe C. Mesmo assim, o acesso da Classe C já é visto como o grande desencadeador deste crescimento no número de assinaturas. Em 2010, 17% da população desta classe tinha TV paga. Em 2012, a ABTA registrou que cerca de 33% pagava por este serviço. Outro importante fator que deve ser mencionado é a participação de um maior número de empresas no setor, antes dominado praticamente por duas empresas. Hoje, outras três grandes corporações disputam pelas fatias do mercado.
Diante destas mudanças no perfil dos assinantes, a TV paga precisou passar por adequações. Uma das formas de cativar o novo público telespectador é através das dublagens de séries e filmes. A preocupação também se volta para a forma de falar com os assinantes, em oferecer mais opções de pacotes básicos e em posicionar os canais mais populares em lugares de destaque nas grades. Além disso, alguns canais passaram a investir em programas de apelo mais popular, incorporando características da TV aberta. Com isso, programas femininos, de culinária, ganham maior espaço, pensando-se nas donas de casa da Classe C. Outra mudança é o investimento no serviço de TV pré–pago, pensado especialmente no público da nova classe média. Com opções de pacotes com preços a partir de R$60, acredita-se que a muitas famílias optarão em investir num maior número de canais em vez de gastar parte do orçamento doméstico com outras opções de lazer.
- Classe C e a TV por assinatura
- Classificação Indicativa: o que é proibido ou liberado na TV aberta
- Programação infantil e a Nova Lei da TV Paga
Ana Paula Ladeira é Jornalista pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisa assuntos relacionados especialmente à TV.