Shrek para sempre

Por

Rafael Tavares 21/7/2010

Shrek para sempre


(Shrek Forever after - Estados Unidos - 2010)
Diretor: Mike Mitchell
Distribuidora: Dreamworks Pictures

Ao longo dos últimos anos, a animação gráfica firmou-se como uma rentável tecnologia para os estúdios de Hollywood. Porém, poucos filmes conseguiram se aproximar em qualidade técnica e narrativa dos filmes da pioneira Pixar. 

Shrek, produção da Dreamworks, foi um dos primeiros a se igualar em sucesso aos filmes da casa do Toy Story e Carros. E seu sucesso deve-se, em grande parte, a fatores que não são mais encontrados neste quarto capítulo da vida do ogro mais querido do mundo.

Nessa quarta parte, Shrek está cansado da vida doméstica, da esposa, dos filhos, da rotina e, principalmente, da vida de animal de estimação que tem levado. O ogro sofre a crise da meia-idade. Em um acordo com o anão Rumpelstiltskin, a vida do herói volta a ser como antes, mas o Reino de Tão, Tão Distante acaba nas mãos desse anão, que se mostra um ditador. Cabe a Shrek, então, reconquistar sua amada e salvar sua terra da dominação.

Os três filmes anteriores tinham em si elementos que faziam deles bons para toda a família: leve, com pitadas de humor pastelão para as crianças e humor de costumes para os adultos. Em suma, Shrek era um filme despretensioso.

Nesta quarta parte, a despretensão é colocada de lado. Se antes a história fazia piada de sua própria inspiração, os contos de fada, Shrek para sempre leva-se a sério demais. Não ri de si mesmo. Além disso, uma fotografia majoritariamente noturna cria um clima obscuro, diferente dos anteriores e dos filmes infantis.

Nesse contexto, sobra pouco espaço para o humor espirituoso, característica dos personagens da saga. Nem Shrek nem os outros personagens conseguem mais ser graciosos como antigamente e isso mostra que está na hora do ogro se aposentar.

Os poucos momentos de humor se devem ao Gato de Botas e sua nova condição de gato doméstico gordinho. Talvez seja por isso que o próximo filme do universo Shrek venha a ser justamente uma aventura solo do gato, interpretado por Antonio Banderas.

Shrek para sempre diverte e funciona com seu público, mas não como antes, o que mostra que é melhor parar agora enquanto está no topo. E, mais do que isso, deixar que o filme do Gato de Botas renove a série e traga um sopro de ar fresco para este universo.


Rafael Tavares é diretor, produtor e roteirista audiovisual, formado em Produção Audiovisual e pós-graduando em TV, Cinema e Mídias Digitais