A Promessa
A Promessa
Quando ouço a palavra “genocídio”, costumo pensar na perseguição ao povo judeu iniciada no início dos anos 30 do século passado, na Alemanha, e que caminhou até o final da II guerra mundial, na parte que envolvia a Europa (haja vista que Estados Unidos e Japão permaneceram em conflito até 1945). No entanto, até mesmo pelos filmes, acabei tendo conhecimento de outros genocídios ocorridos no mundo, como em Uganda (apresentado no brilhante “O Último Rei da Escócia”) ou Ruanda (visto no fantástico “Hotel Ruanda”), no continente africano, por exemplo.
O genocídio Armênio, crime até hoje não reconhecido oficialmente pela Turquia e pela maioria dos países no mundo (entre os quais, infelizmente, figura-se o Brasil), ocorreu a partir de 1915 e perdurou até 1923, no então império otomano, região que alocava uma série de povos vivendo sem um território definido especificamente para cada um deles. Após uma série de questões políticas envolvendo os turcos e os armênios, aqueles aproveitam-se do início da I guerra mundial para iniciar uma perseguição sistemática, de forma a destruir por completo o povo armênio, obtendo, assim, as terras que os mesmos ocupavam na Ásia menor, na fronteira com a Rússia, em posição estratégica.
Nesse contexto, muito brevemente resumido, ocorre a trama de “A Promessa” (“The Promise”). Um jovem armênio (Oscar Isaac), morador de um vilarejo nas montanhas do império otomano, que sonhava em cursar medicina na cidade de Constantinopla (atual Istambul), casa-se, no intuito de receber o dote pela união e, assim, poder custear seus estudos. No entanto, com o tempo, ele se apaixona por Ana (Charlotte Le Bon), tutora das filhas de seu tio Mesrob (Igal Naor), que é quem o recebe na cidade, a qual, por sua vez, já tem um relacionamento com o jornalista americano Chris (Christian Bale).
Com o início da guerra, a perseguição aos armênios, que já ocorria em situações pontuais, torna-se regra, sendo determinado pelo governo que todos deixem suas casas e iniciem uma caminhada rumo aos desertos, nas quais a maioria acabava morrendo pelos mais variados motivos, como fome, sede e doenças.
O filme, basicamente, é isso, uma mostra de um triste momento de nossa história, focado na questão turca/armênia. O que o impede de ser um “A Lista de Schindler” é o fato dele ser excessivamente preocupado com os relacionamentos amorosos que ocorrem ao longo da trama. Fica-se sem saber qual é o ponto que o diretor e o roteirista deu mais importância. E quando a gente vê tanta tragédia, parece ser errado torcer para o mocinho ficar com a mocinha mesmo diante de tanto horror. Só que os fatos históricos são tão bem mostrados, que eu realmente achei que os amores ali podiam ter sido um pouco mais coadjuvantes. Mas talvez seja uma questão pessoal, já que eu sou um apreciador de história.
É um bom filme. Quem for assisti-lo muito provavelmente irá gostar. Ele atende a uma série de públicos.