Prefeitura confirma Carnaval 2010 na avenida BrasilLocal do desfile foi mantido após estudo com população de Juiz de Fora revelar aprovação do público. Pesquisa entrevistou cerca de 800 pessoas
Repórter
16/12/2009
A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) anunciou nesta quarta-feira, 16 de dezembro, que o carnaval 2010 será realizado na avenida Brasil. A decisão é a primeira medida tomada com base nos resultados de pesquisa feita na cidade sobre o carnaval de Juiz de Fora. O estudo foi desenvolvido ao longo de 2009, por uma empresa especializada em pesquisa de opinião pública, contratada pela PJF.
Segundo o levantamento, o local para o desfile foi aprovado por 58% dos entrevistados. A pesquisa também revelou que a maioria da população de Juiz de Fora prefere o modelo de carnaval carioca, com desfiles de escolas de samba e blocos (49,6%), ao modelo baiano, com apresentações de trios elétricos (28,1%).
Embora a avenida Brasil tenha sido aprovada para ser palco do carnaval, a infraestrutura do local recebeu críticas, principalmente em relação à falta de iluminação no entorno a via e dentro dos banheiros químicos, à escassez de bares na região e à ausência de estacionamentos no local.
Segundo o consultor de pesquisa em opinião pública e diretor da empresa que realizou o levantamento, Gilberto Salgado, as críticas apresentadas apontam a necessidade de se criar uma identidade visual para o desfile na avenida Brasil, solucionando os problemas de infraestrutura relatados e promovendo o carnaval ao longo do ano, com divulgação de maior impacto.
O superintendente da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Toninho Dutra, diz ter se surpreendido positivamente com os dados apresentados, sobretudo com a aprovação da avenida Brasil como local de desfile e com a preferência do público pelo modelo de carnaval vigente. "Vamos dar especial atenção ao modelo referendado pelo público, mas também vamos apoiar outras situações que apareceram na pesquisa, como o carnaval descentralizado nos bairros e os trios elétricos", assegura.
Em relação à frequência ao carnaval da cidade, 3% dos entrevistados declararam que participaram da festa de Juiz de Fora uma única vez; 12% disseram que frequentam sempre e 8% afirmaram nunca terem participado.
Quanto ao público entrevistado, 25% das pessoas revelaram que não são de Juiz de Fora, sendo que muitas disseram morar há pouco tempo na cidade. Para Gilberto Salgado, o dado é importante, pois mostra que não há, de modo geral, uma memória construída no imaginário da população sobre o carnaval de Juiz de Fora. "Há uma gama enorme da população que precisa ser informada sobre a própria história da cidade."
A pesquisa sobre o carnaval de Juiz de Fora foi realizada com cerca de 800 pessoas, em três etapas. A primeira em fevereiro deste ano, durante todos os dias de desfile do carnaval, por meio de entrevista qualitativa com 120 pessoas que assistiram às escolas. A segunda em agosto, com entrevista quantitativa realizada com 630 moradores de bairros da cidade e da região rural. E a terceira, em setembro, quando foram entrevistadas 57 pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o carnaval, como lideranças carnavalescas, produtores culturais e membros da imprensa.
Liga das escolas de samba confirma resultado da pesquisa
Para o presidente da Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora, Renato Carvalho, a pesquisa revelou muitos pontos que já vêm sendo discutidos pelas agremiações carnavalescas há algum tempo. Ele afirma que a realização do desfile na avenida Brasil é recebida com aprovação, principalmente em relação à estrutura que o local oferece. "Na avenida Rio Branco tínhamos problemas com os carros alegóricos, que precisavam ser menores. A composição da bateria e a ala das baianas também eram prejudicadas por causa do local ser mais apertado."
Segundo Carvalho, a importância de se resgatar a memória do carnaval de Juiz de Fora e de atrair novo público também tem sido um dos principais pontos de discussão entre carnavalescos. "A renovação acontece praticamente só na bateria, que sempre tem novos integrantes, mas o resto da escola é sempre composto por pessoas mais velhas, as mesmas de sempre."
O assessor de imprensa da liga, Fernando Luiz Baldioti, acredita que a solução para atrair novo público está na realização de atividades diversas nas quadras das escolas ao longo do ano, como apresentações de sambas-enredo que marcaram época e eventos comunitários.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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