Trabalhar e dar amor a um filho exige o m?ximo de cada um.
? por isso que, na presen?a e na aus?ncia, ser pai ? uma tarefa dif?cil
Djenane Pimentel
09/07/04
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O que pode gerar problemas, no entanto, n?o ? o fato de os pais trabalharem
fora, mas a maneira como se comprometem com a educa??o de seus filhos, a
forma como administram seu tempo e o tipo de educa??o que colocam em
pr?tica. O importante ? saber que pais ausentes n?o significa
necessariamente pais displicentes. Existem pais, por exemplo, que podem estar fisicamente pr?ximos de seus
filhos, mas distantes ou indispon?veis. N?o conversam, n?o brincam, brigam e
gritam a maior parte das vezes que se dirigem ? crian?a.
Por outro lado, existem outros que, mesmo estando a maior parte do dia
longe, conseguem manter um relacionamento pr?ximo, afetuoso e se envolver na
educa??o deles.
A forma particular que cada um utiliza para estruturar suas rela?es, trocar
afetos, definir fun?es, resolver conflitos, delegar responsabilidades, ?
que vai definir o tipo de relacionamento entre pais e filhos. Arthur cita in?meras desvantagens em viver longe, principalmente porque
quando foi trabalhar fora, a filha tinha somente sete anos. "De repente, tive
que parar de fazer o que estava acostumado: lev?-la aos parquinhos que queria; contar
hist?rias ? noite, para ela dormir;
participar da educa??o escolar; v?-la acordar; tudo isso s?o coisas que
me entristeceram e at? hoje sinto muito", conta. Mas, nem por isso eles deixaram a peteca cair. Se falam com frequ?ncia pelo
telefone - toda vez que d? vontade - e se v?em de 15 em 15 dias. "?s vezes,
ela fala algo que me surpreende e eu fico pensando de onde ? que ela tirou
aquela id?ia. Isso ? uma das coisas que me entristece, pois n?o estou por
perto para participar de sua vida mais ativamente", diz. Por isso mesmo, nos fins de semana em que passam juntos, Arthur comenta que
? preciso ter um pouco mais de jeito ao conversar, pois o tempo ? curto e
cada momento deve ser vivido com bastante intensidade e sem brigas. Ele explica que, para conseguir atingir o objetivo de passar uma mensagem ?
filha, abre os ouvidos e conversa bastante. Em momentos de crise (? claro que existem), Arthur conta que espera a filha
desabafar e exp?r todos os seus pensamentos, para depois opinar. "Vejo bem
aonde ela quer chegar, para depois eu falar alguma coisa. Se o pai entra na
rebeldia do filho, acaba colocando o filho contra si, e isso n?o ? bom",
alerta. "Sei que tem muita coisa acontecendo na vida dela, das quais eu n?o estou
participando, ent?o, o jeito ? deixar minha filha se expressar e saber como e a hora
certa de falar". Arthur n?o v? nenhuma vantagem em ficar longe da filha, mas n?o acredita que
a dist?ncia entre eles tenha modificado a personalidade de Naiara. "Ela
sempre foi uma pessoa muito d?cil, carinhosa. Isso facilita o relacionamento,
mas, ao mesmo tempo, traz mais saudade ainda", emociona-se. Dedica??o para suprir a falta
Mas ele tamb?m perdeu muitos anivers?rios, festinhas e coisas relacionadas ?
idade, por causa do trabalho durante todo o dia e plant?es nos fins de
semana. "Meus filhos eram pequenos nessa ?poca. A sorte ? que ainda
conseguia v?-los na hora do almo?o, pelo menos". Benedito lembra que no fim de semana era mais dif?cil, pois, devido aos
plant?es, acabava perdendo as brincadeiras e passeios com os filhos,
momentos ?nicos para um pai. "Mas sempre preservei as f?rias, para curtir a
fam?lia um pouco mais", conta. Hoje, com os filhos j? crescidos - Renata tem 23 e Rafael, 21 - ele declara
que tentou ser o mais dedicado e carinhoso poss?vel para suprir a aus?ncia. "Acho que hoje consigo priorizar mais meus
hor?rios, para tentar recuperar o tempo perdido", admite.
apesar da dist?ncia
H? sete anos trabalhando em Belo Horizonte, o m?dico Arthur Em?lio
Ciribelli
de Carvalho (foto ao lado) explica que, apesar da dist?ncia, ele e a filha, Naiara, de 14
anos, conseguem manter uma rela??o muito carinhosa.
"Como sei que vou embora no dia seguinte, n?o posso deixar que qualquer
coisinha vire motivo de briga. N?o posso deixar mal a rela??o e viajar,
simplesmente, entende?"