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Pais conciliam trabalho e carinho
Trabalhar e dar amor a um filho exige o m?ximo de cada um.
? por isso que, na presen?a e na aus?ncia, ser pai ? uma tarefa dif?cil

Djenane Pimentel
09/07/04

Benedito da Silva Neto afirma que hoje consegue suprir a falta de antes.
A filha, Renata, conta lembran?as de sua inf?ncia.

A presen?a do pai sempre se fez necess?ria na educa??o dos filhos e o fato ter um pai que trabalha em hor?rios dif?ceis, que o impe?am de estar presente nas horas em que o filho necessita, ?, muitas vezes, apontado por psic?logos, como um dos principais motivos que levam a falhas na educa??o infantil.

O que pode gerar problemas, no entanto, n?o ? o fato de os pais trabalharem fora, mas a maneira como se comprometem com a educa??o de seus filhos, a forma como administram seu tempo e o tipo de educa??o que colocam em pr?tica. O importante ? saber que pais ausentes n?o significa necessariamente pais displicentes.

Existem pais, por exemplo, que podem estar fisicamente pr?ximos de seus filhos, mas distantes ou indispon?veis. N?o conversam, n?o brincam, brigam e gritam a maior parte das vezes que se dirigem ? crian?a.

Por outro lado, existem outros que, mesmo estando a maior parte do dia longe, conseguem manter um relacionamento pr?ximo, afetuoso e se envolver na educa??o deles.

A forma particular que cada um utiliza para estruturar suas rela?es, trocar afetos, definir fun?es, resolver conflitos, delegar responsabilidades, ? que vai definir o tipo de relacionamento entre pais e filhos.

Rela??o amorosa,
apesar da dist?ncia

H? sete anos trabalhando em Belo Horizonte, o m?dico Arthur Em?lio Ciribelli de Carvalho (foto ao lado) explica que, apesar da dist?ncia, ele e a filha, Naiara, de 14 anos, conseguem manter uma rela??o muito carinhosa.

Arthur cita in?meras desvantagens em viver longe, principalmente porque quando foi trabalhar fora, a filha tinha somente sete anos. "De repente, tive que parar de fazer o que estava acostumado: lev?-la aos parquinhos que queria; contar hist?rias ? noite, para ela dormir; participar da educa??o escolar; v?-la acordar; tudo isso s?o coisas que me entristeceram e at? hoje sinto muito", conta.

Mas, nem por isso eles deixaram a peteca cair. Se falam com frequ?ncia pelo telefone - toda vez que d? vontade - e se v?em de 15 em 15 dias. "?s vezes, ela fala algo que me surpreende e eu fico pensando de onde ? que ela tirou aquela id?ia. Isso ? uma das coisas que me entristece, pois n?o estou por perto para participar de sua vida mais ativamente", diz.

Por isso mesmo, nos fins de semana em que passam juntos, Arthur comenta que ? preciso ter um pouco mais de jeito ao conversar, pois o tempo ? curto e cada momento deve ser vivido com bastante intensidade e sem brigas.
"Como sei que vou embora no dia seguinte, n?o posso deixar que qualquer coisinha vire motivo de briga. N?o posso deixar mal a rela??o e viajar, simplesmente, entende?"

Ele explica que, para conseguir atingir o objetivo de passar uma mensagem ? filha, abre os ouvidos e conversa bastante. Em momentos de crise (? claro que existem), Arthur conta que espera a filha desabafar e exp?r todos os seus pensamentos, para depois opinar. "Vejo bem aonde ela quer chegar, para depois eu falar alguma coisa. Se o pai entra na rebeldia do filho, acaba colocando o filho contra si, e isso n?o ? bom", alerta. "Sei que tem muita coisa acontecendo na vida dela, das quais eu n?o estou participando, ent?o, o jeito ? deixar minha filha se expressar e saber como e a hora certa de falar".

Arthur n?o v? nenhuma vantagem em ficar longe da filha, mas n?o acredita que a dist?ncia entre eles tenha modificado a personalidade de Naiara. "Ela sempre foi uma pessoa muito d?cil, carinhosa. Isso facilita o relacionamento, mas, ao mesmo tempo, traz mais saudade ainda", emociona-se.

Dedica??o para suprir a falta
Na fam?lia do t?cnico em radiologia, Benedito Jos? da Silva Neto (foto ao lado), a situa??o ? um pouco diferente, porque Benedito trabalha em Juiz de Fora mesmo.

Mas ele tamb?m perdeu muitos anivers?rios, festinhas e coisas relacionadas ? idade, por causa do trabalho durante todo o dia e plant?es nos fins de semana. "Meus filhos eram pequenos nessa ?poca. A sorte ? que ainda conseguia v?-los na hora do almo?o, pelo menos".

Benedito lembra que no fim de semana era mais dif?cil, pois, devido aos plant?es, acabava perdendo as brincadeiras e passeios com os filhos, momentos ?nicos para um pai. "Mas sempre preservei as f?rias, para curtir a fam?lia um pouco mais", conta.

Hoje, com os filhos j? crescidos - Renata tem 23 e Rafael, 21 - ele declara que tentou ser o mais dedicado e carinhoso poss?vel para suprir a aus?ncia. "Acho que hoje consigo priorizar mais meus hor?rios, para tentar recuperar o tempo perdido", admite.