Grupo de voluntários realiza ações no combate à pandemia em Juiz de Fora
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Se por um lado a pandemia do novo coronavírus trouxe mortes, medo e muitas dúvidas, por outro, aumentou a rede de solidariedade em todos os cantos do mundo. Em Juiz de Fora, não foi diferente, diversas pessoas e empresas estão trabalhando, voluntariamente, para fazer o bem. É o caso do projeto “JF Contra o Coronavírus”, que reúne profissionais de saúde, professores e alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e integrantes da sociedade civil.
Segundo uma das organizadoras, médica-cirurgiã que trabalha no Hospital de Pronto Socorro (HPS), "o grupo está engajado na aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e insumos para o combate da Covid-19. "Quando percebi o início da pandemia fiquei muito inquieta com que poderia acontecer e procurei uma amiga, a Raquel, para pensar em como poderíamos ajudar. Nós sabemos da fragilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e que teríamos muitas dificuldades para enfrentar algo que estava acontecendo em outros países", diz a médica que preferiu manter sua identidade preservada por acreditar que não é importante citar nomes em uma ação solidária.
Segundo ela, "desde o início sabia que o víeis social faria com que o Brasil tivesse mais mortes do que outros países. A Raquel começou a recolher doações no prédio dela e eu, no meu condomínio. Mobilizamos outras pessoas e ajudamos os hospitais, com álcool em gel e papel toalha”.
Depois do primeiro passo, a voluntária já estava em grupos de WhatsApp nacionais com foco na prevenção, foi aí que ela entrou em contato com um grupo da UFJF. “Eles me chamaram no privado e conversamos sobre os protetores faciais (face shield) que poderiam ser feitos e iniciamos a produção com recursos próprios. Porém, a ação ganhou forças e a UFJF abraçou a causa doando os materiais. Com isso, hoje temos diversos colaboradores atuando nessa produção”, diz.
A viseira
O protótipo foi desenvolvido pelo Grupo de Robótica Inteligente (GRIn) da UFJF em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. De acordo com o professor e orientador do grupo, Leonardo Honório, o modelo agiliza o processo de produção quando comparado com a fabricação por impressoras 3D. “A partir do primeiro protótipo utilizando impressoras 3D vimos a inviabilidade da produção em larga escala, pois levava de duas a três horas para produzir uma peça. Então, mudamos o projeto para utilizar a máquina de corte a laser que é muito mais rápida”. A média de produção é de 300 unidades do equipamento de proteção individual por dia.
Os protótipos são enviados para o Hospital Universitário da UFJF, onde são certificadas quanto à segurança. “Aprimoramos o primeiro modelo, já certificado. Agora utilizamos grampos para prender a faixa de trás da cabeça ao visor de acetato – o que agiliza ainda mais o processo. A certificação de segurança garante que o profissional possa utilizar esse equipamento em qualquer ambiente hospitalar”, explica.
As viseiras são produzidas com polietileno de alto impacto e folha de acetato de 0.5mm. De acordo com Honório, ela pode ser produzida, até mesmo, em casa. “Quem não tiver acesso ao equipamento de corte a laser e quiser produzir máscaras, pode adaptar o modelo para fabricação com processo manual, utilizando uma tesoura e um grampeador. De dez a quinze minutos a pessoa consegue produzir a própria viseira”.
Depois dessa primeira etapa, o grupo continua arrecadando álcool em gel, alimentos, tecidos para confeccionar vestimentas especiais para os profissionais de saúde, além de insumos que possam faltar durante a epidemia. “Estamos focados no avental impermeável que está em falta na cidade. A Prefeitura tem dificuldades para comprar, além disso, o processo é demorado por causa de licitação, por isso estamos comprando matéria-prima, cortamos os moldes na UFJF e enviamos para “As Costureiras dom Bem” (formado por voluntárias) que fecham os aventais”.
Alimentos
A voluntária conta que muitas pessoas têm procurado o grupo para pedir alimentos. “Existem inúmeras famílias em situação de vulnerabilidade social, então estamos ajudando essas pessoas além de instituições de cidade e projetos como Anjos da Rua, Instituto Faça, Acolha uma família JF, Sombra e Água Fresca, da Igreja Metodista que atende o Bairro Santa Rita e região, entre outros”.
O grupo JF Contra o Coronavírus também tem uma vaquinha online, em que é possível fazer doações de qualquer valor. Até o momento mais de 40 pessoas realizaram doações, totalizando R$ 4.039,70. “Essas são as nossas frentes de trabalho atuais, continuamos arrecadando dinheiro para comprar coisas pontuais, como pulverizadores, que a Prefeitura também tem dificuldade de adquirir. Também conseguimos apoio do Hospital Monte Sinai que arrecadou dinheiro para compra de alimentos, a Ação social de David Luiz e o artista Petrillo, com doações de obras para leilão”.
O Projeto Divulga Química, do Instituto de Ciências Exatas (ICE) tem sido outro parceiro importante, com a fabricação de álcool em gel, sabão e sabonete líquido. “Eles recolhem óleo e garrafas pet , depois fazem a higienização dos vasilhames e produzem o material”.
Responsável pela iniciativa, a professora Denise Lowinshon, explica que os produtos são distribuídos gratuitamente para pessoas em condição de vulnerabilidade. Ela reforça a necessidade de que as garrafas estejam em condições de uso e acompanhadas de tampas.
Os interessados em doá-las para o projeto podem deixá-las em dois postos de coleta no campus sede da UFJF: no Centro de Ciências ou na escada próxima à sala 401 do ICE II, o prédio mais recente do Instituto de Ciências Exatas. Confira abaixo os mapas dos respectivos locais; para abri-los, basta clicar nas imagens. “Atualmente são produzidas 600 barras por semana e 500 litros de sabonete líquido”.
Quem quiser doar alimentos, roupas e garrafas pet pode entregar, também, nos seguintes pontos de coleta:
ACESSA.com - Rua Halfeld 1240 - Centro
Periomed - Rua Fernando Lobo 102, sala 805, Centro
Emporium do Cheff - Rua Evaristo de Sá Alves 19, Morro da Glória
Show solidário
Nesta quinta-feira, 4 de junho, às 20h, a cantora Lud Castañon faz uma live no canal do YouTube com renda para o projeto e o hospital Ascomcer. Durante o show, será leiloado um quadro de "São Francisco de Assis", assinado pelo artista Petrillo.
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