Dólar avança com sinais incertos sobre inflação global
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em um dia de notícias mornas para os negócios domésticos, os mercados de câmbio e de ações do Brasil fecharam com altas moderadas, refletindo basicamente a cautela global quanto aos próximos passos da política monetária nos Estados Unidos.
Investidores continuaram digerindo ao longo desta quinta-feira (18) a ata da última reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), divulgada na véspera.
O dólar comercial encerrou a sessão cotado a R$ 5,1710, com alta de 0,07%.
Apesar de não trazer surpresas, a ata do Fed reforçou o compromisso da autoridade em manter a elevação dos juros para controlar a inflação nos Estados Unidos. Mas o documento também indicou que não está nos planos do órgão aumentar a taxa de crédito em ritmo superior ao que já está em curso.
Elevações de 0,75 ponto percentual foram aplicadas nas duas últimas reuniões do comitê monetário do banco central americano.
"Embora o Fed tenha dito que não pretende aumentar o ritmo da alta de juros, o mercado ainda tem dúvidas porque a inflação está bastante elevada", comentou Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. "A sensação que dá é que o mercado está com o freio de mão puxado", disse.
A inflação acumulada em 12 meses até julho nos EUA é de 8,5%. Apesar de permanecer perto do seu maior nível em 40 anos, o índice de preços ao consumidor desacelerou no mês passado. Em junho, a alta era de 9,1%.
James Bullard, presidente do Federal Reserve de St. Louis, disse estar inclinado a uma nova alta de 0,75 ponto percentual nos juros de referência dos EUA em setembro, reportou o Wall Street Journal nesta quinta.
Bullard afirmou ver um processo de cerca de 18 meses para levar a inflação de volta à meta de 2%, segundo a reportagem.
O recente alívio das condições financeiras nos Estados Unidos, incluindo aumento nos preços das ações, pode ter sido baseado em uma sensação excessivamente otimista de que a inflação está atingindo seu pico e de que o Federal Reserve provavelmente reduzirá o ritmo dos próximos aumentos de juros, disse
Reforçando uma postura mais firme no combate à inflação, Esther George, presidente do Fed de Kansas City, chamou de exagerada a expectativa que rondava os mercados de que haveria redução no aperto monetário após sinais de que a alta nos preços poderia ter atingido o seu pico.
Dados do Departamento do Trabalho dos EUA divulgados nesta quinta mostraram que o número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada.
A geração de vagas de emprego é um dos indicadores de que a economia segue aquecida e, portanto, de que os preços vão continuar subindo.
BOLSA SUSTENTA ALTA FRACA APOIADA NA PETROBRAS
Na Bolsa de Valores brasileira, o índice de referência Ibovespa subiu 0,09%, a 113.812 pontos, nesta quinta (18). O ligeiro ganho doméstico ocorreu em meio a um mercado global pouco entusiasmado após a ata do Fed.
O índice parâmetro da Bolsa de Nova York, o S&P 500, avançou 0,24%. O indicador para as empresas de grande valor, o Dow Jones, ganhou 0,06%. O índice Nasdaq, focado em empresas de tecnologia e com maior potencial de crescimento, subiu 0,21%.
No Brasil, a alta de 2,01% das ações mais negociadas da Petrobras sustentou o ganho do Ibovespa. A estatal ganhou valor em mais um dia de elevação do preço do petróleo.
No final da tarde, o barril do Brent, referência para a matéria-prima em estado bruto, subia 3,17%, a US$ 96,57 (R$ 499,91).
Em agosto, o Ibovespa caiu em apenas duas sessões (nos dias 1º e 11), com a alta acumulada no mês de 10,27%.
Parte do bom momento do mercado de ações do país é atribuído à perspectiva de que o Banco Central encerrou ou deve concluir em breve o ciclo de alta da taxa básica de juros.
Além de favorecer o crescimento das empresas que dependem do crédito, juros mais baixos podem diminuir as vantagens da renda fixa brasileira, que hoje oferece um dos melhores retornos do planeta.
Na Europa, as Bolsas subiram nesta quinta devido ao impulso dos papéis de empresas de petróleo, mas os ganhos foram limitados uma vez que a inflação acelerou a nível recorde em julho e autoridades do Banco Central Europeu indicaram outro grande aumento de juros no próximo mês.
O índice que acompanha as principais empresas de países que têm o euro como moeda subiu 0,57%. Bolsas de Londres, Paris e Frankfurt fecharam em alta de 0,35%, 0,45% e 0,52%, nessa ordem.
AÇÕES DE DONA DO BURGER KING NO BRASIL SOBEM APÓS RECUSA DE COMPRA
As ações da Zamp, dona do Burger King no Brasil, subiram 1,55% nesta quinta-feira, um dia após a empresa ter anunciado que seu conselho de administração manifestou-se de forma contrária à proposta de aquisição feita pelo fundo árabe Mubadala Capital no início de agosto.
A decisão de recusar a proposta foi tomada após uma análise financeira ter apontado que o preço por ação da oferta não era condizente com o valor da empresa.
O conselho diz ter feito reuniões com diversos acionistas da companhia, que teriam pedido atenção quanto ao preço dos papéis, destacando o momento de recuperação da Zamp no pós-Covid.
A OPA (Oferta Pública de Aquisição) apresentada pelo Mubadala para a compra foi de 45,15% das ações da Zamp, por R$ 7,55 cada. O valor total do negócio proposto foi de R$ 938,6 milhões.
Desde a divulgação da proposta de compra, as ações da Zamp subiram quase 38%. Nesse intervalo, os papéis da empresa passaram de R$ 6,19 para R$ 8,52.