Guedes critica 'excessos' do Judiciário, alfineta Faria Lima e fala em manter Auxílio Brasil

Por LEONARDO VIECELI

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou "excessos" do Poder Judiciário, alfinetou membros do mercado financeiro e falou em manter o Auxílio Brasil em R$ 600 durante palestra para empresários nesta quarta-feira (14). O evento ocorreu na sede da ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro), no centro da capital fluminense.

Guedes também disse que o teto de gastos foi "mal desenhado". "Esqueceram de fazer as paredes, que são as reformas. Esqueceram de quebrar o piso, que sobe", afirmou.

Nas últimas semanas, o ministro embarcou de vez na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Às vésperas das eleições, ele tem ido a campo, em encontros com empresários, para rebater críticas e defender políticas adotadas sob sua gestão. Não foi diferente nesta quarta.

Sem citar o nome do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), alvo recorrente de ataques de Bolsonaro, Guedes apontou "excessos" no Poder Judiciário.

"Tem ministro do Judiciário que também comete excessos, manda prender, investigar, censurar. Está descredenciando o Supremo."

O ministro também afirmou que o país "tem dinheiro" para manter o Auxílio Brasil, que subiu para R$ 600 às vésperas das eleições.

"Nós vamos manter os R$ 600, a renda básica, do trabalhador brasileiro?", perguntou Guedes para o público. "O país tem capacidade. Nós temos ferramentas novas", respondeu o ministro, que defendeu em seguida a venda de ativos inutilizados para a criação de um fundo de recursos públicos.

Como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, a manutenção de R$ 600 do Auxílio Brasil representa uma necessidade de mudanças no teto de gastos ?norma constitucional que impede as despesas federais de crescerem acima da inflação.

Antes do envio da proposta de Orçamento de 2023, que colocou o governo na linha de tiro por cortes em programas sociais, Guedes adotava um discurso mais moderado em relação ao Auxílio Brasil.

Ele alfinetou a Faria Lima, região de São Paulo que concentra empresas do mercado financeiro e disse que, quando se fala na liberação de recursos para os "mais frágeis", a Faria Lima entra em ebulição, temendo inflação.

Guedes também destacou o desempenho recente da economia brasileira, que levou analistas a subirem as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto). O ministro, porém, não citou questões como o aumento da fome, a alta da inflação e a queda da renda do trabalho ao longo da pandemia.

Durante a palestra o ministro reforçou críticas a governos petistas. Sem mencionar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à frente de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, o ministro disse que o Brasil foi beneficiado no passado pelo cenário internacional e afirmou que as pessoas sonham com um "paraíso perdido".

"Liberais e conservadores estão juntos porque, do outro lado, está o capeta", apontou. Em mais de uma ocasião, Guedes recebeu aplausos dos empresários na plateia.