Espero que o governo eleito adote o bom senso, diz André Esteves
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para o presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, seja qual for o governo eleito nos próximos dias, a continuidade das reformas é um dos aspectos mais importantes a serem perseguidos. Ele também espera que não haja irresponsabilidade fiscal, ou seja, contas públicas que levem a um aumento da dívida em relação ao PIB.
"Espero que o governo eleito nas próximas semanas adote o caminho do bom senso", afirmou o banqueiro, durante evento promovido pelo BTG nesta quinta-feira (29).
Para Esteves, embora as duas candidaturas com mais intenções de votos -Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e Jair Bolsonaro, do PL- se situem em lados ideologicamente diferentes, a aprovação de uma reforma tributária deve estar entre as prioridades no início do governo.
"E, curiosamente, não uma reforma tributária tão diferente assim uma da outra", disse Esteves. Na avaliação do banqueiro, o Congresso eleito deve ter um perfil centrista, o que tende a facilitar a aprovação de mudanças na estrutura de tributos do país.
O presidente do conselho do BTG defendeu ainda uma simplificação do sistema tributário, com uma redução de impostos no país. "O Brasil tem uma carga tributária muito alta para um país emergente. Temos que seguir exemplos das nações mais desenvolvidas e, nessa fase de renda, a gente tem que ter menos imposto, para gerar mais arrecadação."
Ele disse também que não "podemos fazer a bobagem que a Inglaterra fez nessa semana", em referência ao pacote de estímulos econômicos que gerou uma forte desvalorização na libra.
Ainda segundo o banqueiro, o governo eleito para 2023 precisa reconhecer os avanços que foram feitos ao longo dos últimos anos, com uma série de reformas macro e microeconômicas. Esteves citou Estados Unidos, Japão e Alemanha como exemplos a seguir e a Argentina como um exemplo a evitar.
Para o executivo, o país conquistou um nível de juros de equilíbrio mais baixo que o atual patamar de 13,75%". "Assumindo que a gente siga com responsabilidade fiscal razoável, o juro de equilíbrio pode ser alguma coisa como 7%, 8%, o juro nominal [sem descontar a inflação]."
Esteves disse ainda que, apesar do cenário de alta dos juros nos mercados desenvolvidos, se o governo mantiver a postura de responsabilidade fiscal, a moeda brasileira tem condições de se valorizar em relação ao dólar nos próximos meses, ou seja, a cotação do dólar pode cair. Na avaliação do especialista, o real está em um patamar considerado barato.