A Petrobras não quer retrocesso, afirma presidente da estatal a dois dias da eleição
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em rara participação em evento público, o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, defendeu nesta quinta-feira (29) a gestão da estatal durante o governo Bolsonaro e disse que a empresa "não quer retrocesso".
As declarações foram dadas em encerramento da Rio Oil & Gas, feira que reuniu o setor de petróleo no Rio de Janeiro. Em meio a tratamento de um câncer, Paes de Andrade havia enviado um vídeo para a abertura do evento. No encerramento, participou de um debate por videoconferência.
"Assim como o Brasil, a Petrobras se reergueu, a Petrobras quer seguir adiante", afirmou. "A Petrobras não quer retrocesso, vamos seguir adiante com o processo de abertura de mercado, de melhoria da governança", disse.
Em suas falas, defendeu realizações do governo e repetiu algumas vezes que o Brasil é "porto seguro de investimento", como gosta de dizer o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que havia participado da abertura do evento também com discurso em defesa do governo.
Também presente à cerimônia de encerramento, o diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, Rafael Chaves, reforçou o discurso: "Não pode ter retrocesso, tenho certeza de que o Brasil não vai entrar no caminho de retrocesso."
Chaves acrescentou que está há tempos na empresa e que acompanhou a mudança na companhia, citando o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. "Está sendo um privilégio estar à frente da Petrobras nos últimos quatro anos", afirmou.
Paes de Andrade e Chaves encerraram a Rio Oil & Gas ao lado do presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás), Roberto Ardenghy, que foi diretor da estatal durante a gestão Roberto Castello Branco, presidente que foi demitido por Bolsonaro em 2021 em meio a pressões contra aumentos dos combustíveis.
Durante os quatro dias de feira, petroleiras e especialistas convidados a palestrar defenderam o processo de abertura do setor ao capital privado, com críticas a propostas de suspender desinvestimentos da Petrobras, principalmente na área de refino.
Até o momento, a estatal vendeu apenas uma grande refinaria, localizada na Bahia, comprada pelo fundo árabe Mubadala. Chegou a negociar outras, mas impasses contratuais e ameaças de intervenção nos preços dos combustíveis impediram o fechamento das operações.
Bolsonaro pediu estudos para a privatização da Petrobras, em meio à escalada que levou os preços dos combustíveis a recordes históricos no país, mas o assunto passou para segundo plano depois que os preços começaram a ceder.
A insatisfação com os valores recordes levou Paes da Andrade ao comando da estatal há três meses. Sua missão, segundo Bolsonaro, era dar "nova dinâmica" aos preços dos combustíveis. Foi facilitada pela queda das cotações internacionais e por cortes de impostos aprovados pelo Congresso em junho.
Segundo opositores, tem feito uma gestão alinhada ao Palácio do Planalto, ao anunciar cortes de preços quase semanalmente às vésperas das eleições, enfraquecer a governança da companhia e acomodar aliados do governo no comando da empresa.