Bolsa volta a cair e dólar sobe antes do 2° turno

Por CLAYTON CASTELANI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Investidores retomavam o movimento de vendas de ações no último dia de negociações antes do segundo turno das eleições presidenciais, que ocorrerá no domingo (30), colocando a Bolsa de Valores brasileira na direção da quarta queda em cinco sessões.

Por volta das 11h50, o Ibovespa perdia 1,09%, aos 113.389 pontos. Com isso, o indicador de referência da Bolsa acumulava um recuo semanal de 5%.

Em movimento contrário ao do Ibovespa, a taxa de câmbio avançava, como é comum em momentos em que investidores temerosos buscam a segurança da moeda americana. O dólar comercial à vista subia 0,75%, cotado a R$ 5,3420.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanece à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 49% das intenções de votos totais, ante 44% do candidato à reeleição, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (27).

Além de manter no radar a corrida presidencial no Brasil, participantes do mercado estão atentos a dados de inflação nos Estados Unidos à procura de pistas sobre a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que deverá aumentar a taxa de juros no país na próxima quarta-feira (2).

Em Nova York, o índice referência S&P 500 subia 0,79%. Também em uma manhã positiva, os indicadores Dow Jones e Nasdaq ganhavam 1,62% e 1,22%, respectivamente.

Na véspera, depois de três quedas consecutivas, a Bolsa de Valores brasileira teve um dia de recuperação nesta. O índice Ibovespa fechou em alta de 1,66% nesta quinta, aos 114.640 pontos. O dólar comercial à vista caiu 1,48%, cotado a R$ 5,3020.

A divulgação de uma carta em que o ex-presidente Lula promete combinar responsabilidade fiscal e social, caso eleito, colaborou para aliviar um pouco da tensão entre investidores que temem forte expansão dos gastos públicos em caso de vitória do candidato petista.

No momento em que o documento foi noticiado, por volta das 16h30, o Ibovespa saltou rapidamente da casa dos 114.700 pontos para 116.235, quando registrou a máxima do dia. O dólar chegou a cair momentaneamente de R$ 5,30 para R$ 5,25, se aproximando da cotação mínima do dia.

A euforia acabou em minutos, porém, conforme passou a predominar a avaliação de que o texto era vago, embora a tentativa de alinhamento ao mercado tenha sido destacada por analistas com um passo positivo.

A carta petista dividiu espaço no noticiário político com a escalada dos ataques da campanha de Bolsonaro contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), provocando dúvidas se o presidente aceitará o resultado das urnas em caso de derrota para Lula.

Uma bateria de dados relevantes para o mercado financeiro, porém, disputou atenções com a polarizada disputa eleitoral. Entre as principais informações do dia estão indicadores de emprego no Brasil, a elevação dos juros na Europa e o crescimento da economia nos Estados Unidos.

Apesar da alta da maior parte das ações do Ibovespa, houve baixas no setor de matérias-primas metálicas, um dos mais importantes para a Bolsa do Brasil. A Vale caiu 3,56% antes de apresentar seus resultados do terceiro trimestre.

Entre os dados positivos para a economia doméstica, a taxa de desemprego voltou a recuar e atingiu 8,7% no terceiro trimestre deste ano. É o menor patamar desde o segundo trimestre de 2015 (8,4%).

Na Bolsa de Nova York nesta quinta, o indicador parâmetro S&P 500 caiu 0,61%. Do lado positivo do mercado americano, houve ganho das grandes companhias que fazem parte do índice Dow Jones, que subiu 0,61%. A pressão negativa veio da queda de 1,63% da Nasdaq, que concentra companhias de tecnologia e com maior potencial de crescimento.

O mercado americano trabalhou atento à repercussão dos dados do PIB dos Estados Unidos. A economia do país cresceu a uma taxa anual de 2,6%, mas mostrou sinais de desaceleração quanto aos gastos de consumidores e empresas.

Se por um lado isso mostra que a política de elevação de juros do banco central americano está conseguindo desacelerar a economia para estabilizar a inflação, por outro, amplia os temores de recessão.

Também tentando lidar com a escalada da inflação, o Banco Central Europeu aumentou em 0,75 ponto percentual a sua taxa de juros, além de mudar regras de empréstimos para bancos comerciais.

Dezenove países que compartilham o euro são afetadas pela taxa de juros do BC, agora em 1,5% ao ano, a mais alta desde 2009, reportou a agência Reuters.