Abras vê movimento normal em supermercados no país e São Paulo tem lojas lotadas em dia de feriado e protestos

Por CRISTIANE GERCINA E DANIELE MADUREIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) informou nesta quarta-feira (2) que o movimento é normal nos supermercados de diferentes regiões do país. Havia uma expectativa de falta generalizada de produtos e corrida às lojas, tendo em vista os problemas de desabastecimento provocados pelas manifestações golpistas nas estradas, provocadas por apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas.

"A Abras entrou em contato com vários estados e não foram identificadas lojas cheias", informou a associação, em nota à Folha de S.Paulo.

O Assaí, uma das maiores redes de atacarejo do país, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "a movimentação nas lojas está dentro do esperado para um feriado e início de mês."

O Carrefour, líder no varejo alimentar no Brasil, também diz que o movimento das lojas está dentro da normalidade e que as gôndolas não estão desabastecidas.

"A rede reforça que conta com um bom estoque para abastecimento de produtos e, para minimizar impactos nas operações nos próximos dias, nossos centros de distribuição e lojas funcionarão normalmente durante o feriado, para garantir o recebimento de produtos e o reabastecimento das mais de 1.000 unidades por todo o país", diz o Carrefour, em nota.

Procurado, o GPA (Grupo Pão de Açúcar) afirmou que continua registrando apenas um atraso pontual no recebimento de algumas mercadorias, mas ainda não tem uma atualização sobre o movimento das lojas.

Na zona leste da capital, lojas lotadas e falta de produto A rede de supermercados Chama, com 15 lojas na Grande São Paulo, a maioria na zona leste da capital, diz que o movimento está normal para um feriado.

"É lastimável [a paralisação]", disse à Folha de S.Paulo o diretor da Chama, Fabio Iwamoto. "Os produtos de hortifrúti demoraram a chegar às lojas, mas chegaram. O problema é a carne, nosso principal fornecedor não conseguiu seguir viagem", afirmou o executivo que espera, no entanto, que a situação seja normalizada até o fim da semana.

A reportagem da Folha de S.Paulo conferiu um grande movimento em lojas da rede Chama na zona leste. Segundo funcionários ouvidos em condição de anonimato, a alta na procura por produtos deve-se a uma combinação de três fatores: feriado, medo de desabastecimento e o fato de quarta-feira ser um dia tradicional de ofertas na rede.

Em uma das unidades onde a reportagem esteve, famílias lotavam carrinhos, especialmente com itens básicos. As manifestações antidemocráticas eram um dos assuntos mais comentados por quem estava nas filas ou buscava produtos nas gôndolas. Não havia, porém, falta de itens.

Em outra loja, agora da rede Assaí, havia falta pontual de alguns itens. O mais reclamado pelos consumidores era o papel toalha. Havia apenas embalagens com opção de três rolos, a um custo maior, o que gerava queixas. As embalagens com dois rolos haviam acabado e não havia previsão de reposição, por conta dos bloqueios. Uma funcionária informava sobre a falta do item a quem perguntava e aproveitava para oferecer o papel que estava disponível, orientando que ele também poderia acabar.

O movimento estava um pouco maior que o habitual no Assaí mas, segundo trabalhadores e frequentadores, condizente com feriados.