Ônibus percorre o país para decifrar como o brasileiro investe seu dinheiro

Por ANA PAULA BRANCO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Guardar dinheiro na poupança ou num cofrinho também faz da pessoa um investidor, mesmo que ela não se veja como um, diz Marcelo Billi, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), ao justificar a pesquisa qualitativa "Como você investe o seu dindim?" feita em parceria com a consultoria estratégica Na Rua.

Há cerca de um mês, a entidade percorre o país para entender o comportamento do brasileiro, principalmente o de classe mais baixa, com investimentos.

Mais de 700 pessoas serão entrevistadas em bairros periféricos de São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. E parte desses entrevistados será convidada a embarcar no ônibus da pesquisa e participar de dinâmicas para abordar sua jornada de investimento de forma lúdica.

"Com conversas livres e ambiente amigável queremos descobrir as barreiras das pessoas com investimentos e quais abordagens [do mercado] podem ser mais eficientes", afirma o superintendente de educação e certificação de investidores da Anbima.

Segundo Billi, o objetivo é entender as motivações desses investidores, qual o processo deles para a escolha dos investimentos e como lidam com os riscos, considerando vários perfis, costumes e realidades socioeconômicas.

"Conversamos sobre a vida e não sobre dinheiro, para não se intimidarem. Citamos situações hipotéticas, como a perda do emprego, para entender como buscam soluções e por que optam por um tipo de investimento", diz.

O ônibus deve percorrer mais de 8.000 quilômetros com uma equipe multidisciplinar pelos próximos três meses. Neste final de semana, o veículo está passando por Belém (PA).

A Anbima espera divulgar a pesquisa no segundo semestre de 2023 para orientar a discussão com o mercado sobre formas de simplificar os produtos financeiros para futuros investidores.

Em abril deste ano, pesquisa da entidade com o Datafolha apontou o principal motivo de o brasileiro da classe D/E investir: realizar o sonho de ter a casa própria. Foi a primeira vez que a Anbima incluiu essa faixa de renda (em torno de R$ 863, per capita) no seu Raio-X do Investidor Brasileiro.

"No Raio-X, metade das pessoas responderam que vão aos bancos para investir. Algo que muitos de nós não imaginava que ainda ocorresse com tantos recursos online. Temos que encontrar um jeito de chegar a essas pessoas para que tenham mais de um tipo de investimento", afirma Billi.