Petrobras tem forte queda e pressiona baixa na Bolsa
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Petrobras exercia a principal influência negativa sobre a Bolsa de Valores brasileira nesta terça-feira (22). Às 12h05, as ações preferenciais e ordinárias da estatal caíam 4,29% e 4,87%, respectivamente.
O índice Ibovespa recuava 0,18%, aos 109.547 pontos. Depois de uma abertura em queda, o dólar subia 0,52%, cotado a R$ 5,34.
Há entre investidores a expectativa de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tenha nesta semana conversas com candidatos à presidência da Petrobras, a primeira etapa para o início do processo de mudanças radicais na companhia.
Lula planeja uma ampla troca no primeiro e segundo escalões da companhia e que pelo menos parte dos dividendos astronômicos sendo pagos pela estatal a acionistas na onda da alta do petróleo sejam direcionados a investimentos.
A equipe de transição de Lula também quer suspender todos os procedimentos na esfera de óleo e gás, que estão no rol de responsabilidades da Petrobras, inclusive privatizações, como a do gasoduto Bolívia-Brasil.
Analistas do UBS BB cortaram a recomendação dos papéis para "venda", de "compra" anteriormente, bem como ceifaram o preço-alvo das preferenciais de R$ 47 para R$ 22, em relatório divulgado no final da segunda-feira (21). O papel está neste momento na casa dos R$ 22.
Eles argumentaram que começaram a cobertura da Petrobras com uma visão positiva em 2016, que foi mantida na maior parte desde então, na esteira de fatores como uma mudança de dívida para patrimônio a partir de melhora operacional de caixa livre e desinvestimentos, além de pagamentos significativos de dividendos.
"Seis anos se passaram e agora acreditamos que essas fases estão em caminho de reversão, com os próximos anos parecendo mais sombrios do que os picos que a Petrobras atingiu", afirmaram os analistas
Os analistas do UBS BB citaram "três pontos transformacionais" para justificar o rebaixamento duplo na recomendação das ações: preço dos combustíveis, investimentos e despesas gerais.
"Nada disso está claro por enquanto; no entanto, os primeiros comentários da equipe de transição fornecem algumas informações e, olhando para o passado da Petrobras, nos tornamos substancialmente mais cautelosos."
Em relatório também divulgado no final da segunda-feira, analistas do Itaú BBA alertaram que uma potencial mudança na política de preços da empresa pode resultar em impactos consideráveis (especialmente se uma política de preços baseada em custos de produção for adiante).
"Dada a falta de clareza sobre o futuro da política de preços da empresa, acreditamos que este seja um grande risco para a história de investimento da Petrobras", afirmaram.
Nesta segunda-feira, investidores reagiam positivamente a uma postura mais conciliadora de Lula sobre a política fiscal do país.
Lula disse, durante um evento em Lisboa no sábado, que a responsabilidade fiscal é importante, mas que o investimento para melhorar a economia e o bem-estar no país também é.
Notícias de que a PEC da Transição poderia ser modificada, com a retirada de mais de R$ 100 bilhões do valor fora do teto, colaboraram com o otimismo entre investidores.
A Bolsa de Valores brasileira encerrou o dia com ganho de 0,81%, aos 109.748 pontos, apesar das pressões negativas vindas do exterior.
As ações de exportadores de matérias-primas metálicas do Brasil, por exemplo, sofreram com o clima de pessimismo diante da expectativa de retomada de restrições de combate à Covid na China.
A Petrobras foi uma das afetadas pelo cenário. A recuperação do petróleo, após um tombo de mais de 5% ao longo do dia, no entanto, contribuiu para que as ações mais negociadas da estatal saíssem da zona negativa e fechassem em alta de 0,30%.
Essa melhora do setor petrolífero ocorreu após a Arábia Saudita negar que tenha discutido um aumento da produção, o que poderia pressionar os preços para baixo, de acordo com a agência Bloomberg.
O petróleo Brent, que é parâmetro para os preços praticados pela Petrobras, terminou o dia perto da estabilidade, com o barril cotado a US$ 87,27 (R$ 465). O preço chegou a cair abaixo dos US$ 83 ao longo da sessão, menor valor em relação aos fechamentos de mercado desde janeiro.
Entre as empresas com maior peso no resultado deste pregão, a varejista Magazine Luiza subiu 7,30%, dias antes da Black Friday, que ocorre nesta sexta (25).
Estrategistas do Morgan Stanley, porém, cortaram para "neutra" a recomendação das ações brasileiras, citando crescentes riscos fiscais em 2023.
Nos Estados Unidos, os principais indicadores do mercado de ações recuaram. O S&P 500, parâmetro da Bolsa de Nova York, perdeu 0,39%. Dow Jones e Nasdaq cederam 0,13% e 1,09%, respectivamente.