Saída de chefe da Petrobras para governo de SP agiliza nomeações de Lula na estatal

Por NICOLA PAMPLONA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A saída de Caio Paes de Andrade da presidência da Petrobras para assumir secretaria no novo governo de São Paulo agilizará nomeações de Lula para a administração da estatal, ao eliminar a necessidade de convocação de assembleia de acionistas para eleger um novo presidente.

Em nota, a Petrobras diz que Paes de Andrade não sai agora e "continuará dando exclusiva atenção à passagem de comando que ocorrerá na companhia, colaborando em conjunto com os demais diretores executivos para uma transição profissional, transparente e aderente às boas regras de governança".

Ainda assim, ele deve renunciar ao cargo no fim do governo Jair Bolsonaro (PL), abrindo espaço para nomeação imediata de um novo presidente, como ocorreu ao fim do governo Michel Temer, quando Ivan Monteiro cedeu o cargo a Roberto Castello Branco.

A própria posse de Paes de Andrade foi antecipada por renúncia de seu antecessor, José Mauro Coelho, em meio a mais uma das conturbadas trocas de comando da estatal durante o governo Bolsonaro, que teve quatro presidentes na companhia.

O governo de transição considera importante iniciar o ano com um novo comando na estatal, mas a substituição de conselheiros e diretores depende ou da renúncia dos membros atuais ou do cumprimento de prazos obrigatórios para convocação de assembleia de acionistas.

O presidente tem que ser membro do conselho de administração, mas a renúncia de Paes de Andrade permite a indicação de um chefe interino e provoca automaticamente a destituição de outros sete conselheiros, que foram eleitos com ele em agosto para mandatos de dois anos.

Destes, cinco foram indicados por Bolsonaro e dois representam investidores, em sua maioria, ocupantes de cargos públicos ?incluindo o então número dois da Casa Civil, Jonathas Assunção?, o que foi visto pelo mercado como uma tentativa de ter um conselho mais alinhado às vésperas das eleições.

Os outros dois representam o Banco Clássico, maior acionista individual da empresa: o banqueiro Juca Abdalla e o advogado Marcelo Gasparino.

Como substituto de Paes de Andrade, estão cotados hoje o senador Jean-Paul Prates (PT) e a ex-diretora geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) Magda Chambriard. Ambos fazem parte do grupo que analisa a transição no setor de energia.

Eles têm participado das reuniões da equipe de transição com a direção da Petrobras esta semana. Nos encontros, ouviram sobre a política de preços dos combustíveis, planos de investimentos e o programa de venda de ativos da companhia.