Luiz Marinho diz que trabalho por aplicativo beira a escravidão

Por MARIANNA HOLANDA E VICTORIA AZEVEDO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse nesta quarta-feira (18) que as condições vividas por trabalhadores de aplicativos beiram a escravidão.

A declaração foi dada durante cerimônia com representantes das centrais sindicais realizado no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Nós acompanhamos a angústia dos trabalhadores de aplicativos, que muitas vezes têm que trabalhar 14h, 16h por dia para poder levar pão e leite para casa. Isso, no meu conceito de trabalho, beira o trabalho escravo", disse Marinho.

Nesta quarta, Lula assinou portaria interministerial que cria um grupo de trabalho para elaboração de projeto de lei que institui a política de valorização do salário mínimo. O grupo terá vigência de 45 dias, renováveis por igual período.

O ministro também anunciou que devem ser feitos outros dois grupos de trabalho, um para a valorização da negociação coletiva e fortalecimentos dos sindicatos brasileiros.

Outro é justamente para dar início ao processo de regulamentação de trabalhadores de aplicativos, também muito importante esse processo.

Marinho buscou tranquilizar as empresas. "Não se assustem não há aqui nada demais a não ser o propósito de valorizar o trabalho", afirmou. Ele deu como exemplo, um entregador de aplicativo que sofre um acidente de moto e perde sua capacidade de trabalho.

A preocupação com trabalhadores de aplicativo por parte do PT surgiu ainda durante a campanha do presidente Lula.

Em discurso para uma plateia repleta de sindicalistas no Salão Nobre do Planalto, Marinho criticou ainda a questão da terceirização, que também comparou com trabalho "semiescravo".

"Quando os trabalhadores falam da terceirização do processo de desmonte das garantias sindicais é exatamente disso que estão falando. Estão tornando o trabalho praticamente semiescravo de forma regulada. Pela atual legislação, que vamos visitar uma por uma para poder rediscutir. Contudo, nós temos que ter consciência do tamanho das demandas e das complexidades que estamos falando", disse.