Bolsa fecha janeiro com alta de 3,6% e dólar fica abaixo dos R$ 5,10
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa se manteve acima dos 113,2 mil pontos durante toda a terça (31) e fechou em alta de 1,03%. O Ibovespa encerrou a sessão aos 113.430 pontos, recuperando parte da queda de 1,63% registrada na última sexta-feira (27) e fechando janeiro com acumulado de 3,6%.
O dólar comercial à vista fechou em queda de 0,75% ante o real, para R$ 5,0750, após dados mostrarem a desaceleração dos custos trabalhistas nos Estados Unidos. A notícia reforça a expectativa de que o ritmo de alta de juros por lá diminua.
Em janeiro, a moeda americana acumulou queda de 3,82%, após dois meses seguidos de alta. A valorização do real no período reflete a reabertura da China, que tornou moedas de emergentes mais atrativas, e os juros juros mais altos pagos pelo Brasil do que pelos países desenvolvidos.
"Os ruídos políticos estão mais acalmados. Tem discussão de reforma tributária, tem meta de inflação, mas nenhuma novidade em tom que desagrade muito o mercado. Vemos melhora por parte dos ativos. Temos fluxo estrangeiro entrando na Bolsa e lá fora o humor melhorou um pouco, ajudando aqui", afirma Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos.
Os juros também fecharam em queda. Os contratos para 2024 saíram de 13,55% ao ano para 13,54%. No vencimento para 2025, a taxa passou de 12,87% para 12,84%. Para 2027, os juros cederam de 12,85% para 12,83%.
Nesta quarta (1º), o Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) divulgam as suas decisões sobre as taxas de juros. Às vésperas da primeira "superquarta" deste ano, o mercado segue atento a dados econômicos que possam impactar nas expectativas de inflação e taxas de juros.
Nos EUA, especialistas apostam em alta de 0,25 ponto percentual na taxa de juros para controlar a inflação. Será o menor reajuste em dez meses.
Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam em alta nesta terça, com investidores otimistas sobre a abordagem agressiva do Fed para conter a inflação.
O S&P 500 subiu 1,46%, para 4.076,60 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq subiu 1,68%, para 11.584,55 pontos. O Dow Jones avançou 1,09%, para 34.086,04 pontos.
Por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve manter a Selic em 13,75% ao ano, apesar da pressão do governo Lula. Em mais de uma entrevista, o presidente da República criticou a independência do Banco Central e disse não haver lógica na taxa de juros atual.
Em sintonia, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), questionou nesta terça (31) o alto patamar dos juros no Brasil e disse que é preciso agir por um custo de capital mais barato no país.
Horas antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou preocupação com "uma eventual retração no crédito" ao sair de uma reunião com o conselho da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Para Nicola Tingas, economista chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), a desaceleração do crédito é normal perante o contexto econômico do país. Ele dizer ser preciso melhorar as condições de risco, com uma reforma fiscal bem feita.
"Quando a economia está em desaceleração e ajuste, como agora, o crédito desacelera, porque o risco de inadimplência é maior, como vemos agora que está batendo recorde. Mas isso não quer dizer que para de ser concedido. Ele vai ganhar maior seletividade, e as instituições operam no nicho que têm maior conhecimento do cliente", afirma Tingas.
Segundo Sérgio Goldenstein, sócio e economista-chefe da Warren Renascença, o mercado acredita que, com as projeções de inflação acima da meta, o Copom inicie a queda da Selic em agosto, com expectativa de chegar a 11% no final do ano.
"Para que isso se materialize, porém, tomamos como premissa um cenário de maior tranquilidade com relação ao arcabouço fiscal e a manutenção das metas de inflação para 2024 e 2025", afirma o especialista.
Pedido constante do mercado, a reforma tributária deve ganhar novo capítulo de discussão nesta quarta também com a eleição pelo comando do Congresso.
Prestes a ser reconduzido à presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça que a intenção do governo Lula é dar prioridade à questão e votar o tema em até três meses.
Já o debate sobre a âncora fiscal substituta do teto de gastos deve ser aberto em um segundo momento e ainda não tem prazo para passar por deliberação.