Alckmin repete Haddad e diz que reforma pode ser aprovada no 1º semestre
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira (6) que a reforma tributária pode ser aprovada ainda no primeiro semestre deste ano.
Alckmin citou as PECs (proposta de emenda à Constituição) 110 e 45, em discussão no Congresso Nacional, que visam simplificar o sistema tributário do Brasil.
"Acredito que [a reforma] possa ser aprovada ainda neste primeiro semestre. Tem que aproveitar o início do governo para aprovar as PECs, aquilo que exige uma mudança da Constituição e maioria qualificada", afirmou Alckmin durante fórum sobre economia verde realizado pelo BandNews TV, em São Paulo
O vice-presidente ainda mencionou a eleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o comando das duas casas legislativas, o que pode ajudar a dar celeridade ao processo.
"Ambos os presidentes eleitos, na Câmara e no Senado, [são] favoráveis à reforma tributária, que é uma reforma que pode fazer diferença, trazendo eficiência econômica, simplificando, ajudando investimento no Brasil", disse.
Segundo ele, a reforma é fundamental para o desenvolvimento da economia brasileira e pode, em 15 anos, trazer um ganho de 10% no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), ao simplificar e reduzir custos no pagamento de impostos.
O discurso é similar ao do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que vem afirmando que a reforma tributária poderia ser votada ainda no primeiro semestre, com possibilidade de uma aprovação na Câmara dos Deputados até abril.
Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou na semana passada que a discussão do tema no Congresso levará ao menos seis meses.
Alckmin também defendeu nesta segunda medidas de desburocratização. "Aqui é tudo obrigatório, é tudo regra", disse. "Nós precisamos tirar essa cultura cartorial. Simplificar, digitalizar, facilitar a vida das pessoas e das empresas."
ALCKMIN ECOA LULA EM CRÍTICAS AO PATAMAR DA TAXA DE JUROS
Durante o encontro, Alckmin ainda falou sobre a necessidade de oferecer um custo de capital mais barato.
Ele ecoou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em suas críticas ao Banco Central, questionando o motivo de os juros estarem em patamar elevado. "É cunha fiscal? Então vamos tirar imposto de operação financeira. É falta de concorrência? EUA têm 2.000 bancos [por exemplo], então vamos aumentar a concorrência. É insegurança econômica? Vamos melhorar a macroeconomia, os pressupostos econômicos. É insegurança política? Vamos melhorar o ambiente político", elencou.
Ao falar sobre a política monetária, contudo, Alckmin foi mais comedido que Lula, que chamou a atual taxa Selic de "uma vergonha".
A discussão sobre juros tem sido a tônica das declarações de Lula na área econômica. O presidente critica o atual patamar da taxa ?em 13,75% ao ano? e seus efeitos sobre a economia, ao encarecer o crédito e esfriar o consumo.
O petista também vem aumentando o tom das críticas à atuação do BC, por vezes questionando a autonomia do órgão e sugerindo que pode mudar a regra.
Na semana passada, ele se referiu ao chefe da autarquia, Roberto Campos Neto, como "esse cidadão" e disse que vai esperar o fim do mandato no BC (que vai até o fim de 2024) para avaliar a independência da instituição.
As críticas de Lula à condução do BC, porém, têm ampliado a expectativa de inflação e pressionado os juros, gerando um efeito contrário ao pretendido pelo governo.
Durante o evento desta segunda, Alckmin frisou a necessidade de um menor custo de capital para a agenda de competitividade, mas sem mencionar o Banco Central.
Além disso, o vice-presidente também falou sobre sobre a importância de avançar com os acordos internacionais.
"Tem que correr com os acordos internacionais. Não só com a União Europeia, mas com outros países. O Brasil tem 2% da economia mundial, [ou seja] 98% da economia está fora do Brasil. Então, temos que ter inserção na economia internacional, nas grandes cadeias globais", disse.
O vice-presidente mencionou a recente decisão dos EUA de retirar o Brasil da lista de países que estão sujeitos a barreiras de exportação [antidumping] aplicadas ao aço. Sem a cobrança de taxa, ele disse que o Brasil deve aumentar a venda de placas de aço carbono para o país.
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PROPOSTAS MAIS AVANÇADAS NO CONGRESSO
1) PEC 45 - relatório deputado Aguinaldo Ribeiro
- Substitui cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por um Imposto sobre Bens e Serviços e um Imposto Seletivo sobre cigarros e bebidas alcoólicas
- Transição de seis anos em duas fases, uma federal e outra com ICMS e ISS
- Substitui a desoneração da cesta básica pela devolução de imposto para famílias de menor renda
2) PEC 110 - relatório senador Roberto Rocha
- Criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) com fusão do PIS e Cofins
- Criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), com fusão do ICMS e ISS
- Substitui IPI por um imposto seletivo sobre itens prejudiciais à saúde e meio ambiente
- Criação do Fundo de Desenvolvimento Regional, abastecido com recursos do IBS
- Restituição de tributos a famílias de baixa renda
3) PL 3887/2020 - proposta do Ministério da Economia
- Criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) com fusão do PIS e Cofins
- Mantida regra atual de desoneração da cesta básica
4) PL 2337/2021 - texto aprovado na Câmara
- Isenção do IRPF na faixa até R$ 2.500 e Correção de média de 13% nas demais faixas
- Desconto simplificado máximo de R$ 10.563,60 (hoje, limite é de R$ 16.754,34)
- Tributação de dividendos, com isenção para o Simples e lucro presumido
- Corte da alíquota-base do IRPJ de 15% para 8%
- Corte da CSLL em até 1 ponto percentual
- Fim dos JCP (Juros sobre Capital Próprio)
Fontes: Câmara dos Deputados e Senado Federal