BC poderia ser 'um pouco mais generoso' após medidas anunciadas pelo governo, diz Haddad
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta segunda-feira (6) que os alertas do Banco Central sobre a situação fiscal referem-se, sobretudo, ao legado deixado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para a atual administração, mas que a autoridade monetária poderia ter sido "um pouco mais generosa" após as medidas anunciadas pela gestão petista para melhorar as contas públicas.
Na última quarta-feira (1º), o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano pela quarta vez consecutiva, na primeira reunião desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse.
No comunicado, o colegiado do BC fez alertas sobre as incertezas fiscais e a piora nas expectativas de inflação, que estão se distanciando da meta em prazos mais longos, e sinalizou que deve deixar os juros no patamar atual por mais tempo.
Os recados provocaram um aumento de tensão na relação da autoridade monetária com o governo, gerando uma escalada nas críticas disparadas pelo presidente Lula contra o BC.
"O que o Banco Central disse, eu creio que faz mais referência ao legado do governo anterior, do que às providências que estão sendo tomadas por este governo", afirmou Haddad.
"Existe realmente uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que temos de administrar. Não vamos em 30 dias de governo resolver um passivo de R$ 300 bilhões que foi herdado do governo anterior."
"Mas o nosso compromisso é com o equilíbrio das contas. Anunciei no dia 12 que nós vamos perseguir resultados melhores. Nesse particular, eu penso que a nota poderia ser um pouco mais generosa com as medidas que nós já tomamos", acrescentou.
Em 12 de janeiro, Haddad anunciou um amplo pacote de medidas com a promessa de entregar uma melhora fiscal de R$ 242,7 bilhões nas contas públicas deste ano.
A equipe econômica aposta na reversão de desonerações e em medidas extraordinárias para arrecadar mais, diante da pressão do mercado financeiro para reduzir o rombo de R$ 231,55 bilhões, agravado pela PEC (proposta de emenda à Constituição) que autorizou a ampliação de despesas em 2023.