Americanas paga à vista para ter 'maior Páscoa do mundo'
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Vai ter Páscoa na Americanas. Para isso, a rede de varejo precisou driblar a desconfiança da indústria, pagar pedidos à vista e de maneira antecipada e reduzir o volume de ovos de chocolate nas parreiras que começarão a ser abastecidas nas lojas da rede logo depois do Carnaval.
Serão 13 milhões de ovos de páscoa, dos quais quase metade da marca própria, a D'elicce, e mais os chocolates da linha regular, segmento importante de vendas da rede.
Sob recuperação judicial, a Americanas viu, em pouco mais de um mês, suas condições de crédito derreterem no mercado desde que um escândalo contábil bilionário foi tornado público. Não cogitou, porém, conter a megalomania (autodeclarada) de ser a maior varejista de ovos de chocolate em todo o mundo.
"A grande boa notícia é a de que vai ter Páscoa na Americanas e vai ser um evento grandioso, como sempre foi. Vamos fazer a maior de todos os tempos", diz o diretor comercial da varejista, Aleksandro Pereira. Segundo ele, em nenhum momento se discutiu a possibilidade de a empresa não ter a campanha de Páscoa.
"Obviamente que, quando aconteceu a recuperação judicial, precisamos de ajustes com a indústria", afirma. A grande mudança no planejamento veio da modalidade de pagamento. Os fornecedores também tinham dúvidas quanto à capacidade de a rede manter as compras para a data.
As negociações, que já vinham acontecendo desde os meses de novembro e dezembro do ano passado, tiveram de ser refeitas a partir da recuperação judicial. A maioria dos fornecedores exigiu pagamento à vista ou antecipado.
Tradicionalmente, segundo a Americanas, o pagamento dos ovos de Páscoa eram feitos entre 15 dias a um mês após a data. A nova dinâmica permitiu que a varejista conseguisse negociar descontos, mas o volume de ovos comprados ficou menor do que o planejado inicialmente.
"A indústria ficou um pouco preocupada se a gente ia fazer ou não, mas fazíamos contato diário", diz Pereira.
A expectativa da Americanas é bater o resultado de vendas do ano passado. Sob escrutínio de órgãos de controle, como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a empresa não divulga a projeção de crescimento, mas, segundo o diretor comercial da rede, a data pretende ser, para a varejista, a confirmação de que os negócios continuam.
A importância das vendas de Páscoa para a varejista foi citada até mesmo no pedido de recuperação judicial encaminha à Justiça do Rio de Janeiro no dia 19 de janeiro.
Oficialmente, a campanha de Páscoa nas lojas começa no dia 1º de março. Nas últimas semanas, os pedidos que serão despachados para as milhares de lojas da rede e para o ecommerce começaram a chegar a um centro de distribuição da zona norte de São Paulo. O galpão é refrigerado e é locado pela companhia apenas para atender a campanha de Páscoa.
A Americanas aposta suas fichas também nos ovos da marca própria, entre os quais se destacam os produtos licenciados (como as bonecas LOL ou da personagem Peppa Pig). A data em que a Páscoa cai neste ano, 9 de abril, também é vista favoravelmente pelo diretor comercial da empresa, pela proximidade com a data em que os trabalhadores costumam receber os salários.
Aleksandro Pereira diz não ter observado grandes mudanças nos tamanhos dos ovos ou na variedade para a campanha deste ano. Em 2022, a indústria já havia registrado um maior interesse do consumidor por ovos menores e mais baratos.
O diretor comercial da Americanas destaca que a rede tem um portfólio de 120 tipos de ovos em todas as faixas de preços, que caibam em todos os bolsos. Em média, o reajuste de preços em relação a 2022 deve ficar na faixa de 10%. "Mas a Páscoa tem uma sazonalidade do dia a dia e isso varia conforme o giro. Se está vendendo mais, o preço cai."
Na sexta-feira (10), a Americanas divulgou um balanço de 30 dias da crise que vive -a existência de inconsistências contábeis em seus balanços foi divulgada no dia 11 de janeiro. Em comunicado, a companhia diz que está operando normalmente, com lojas abertas e prateleiras cheias.