Banco do Brasil lucra R$ 9 bi no quarto trimestre de 2022 e faz reserva de R$ 788 mi para dívidas da Americanas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O BB (Banco do Brasil) teve lucro maior que seus principais concorrentes no quarto trimestre de 2022, e se diferenciou também na estratégia para proteger seu capital das dívidas da Americanas. O banco resolveu fazer uma reserva de 50% de sua exposição a varejistas, enquanto Itaú Unibanco e Bradesco optaram por fazer uma proteção de 100% dos valores devidos.
O lucro do BB entre outubro e dezembro do ano passado foi de R$ 9 bilhões, um crescimento de 52% em relação ao trimestre final de 2021. No acumulado do ano, o lucro foi de R$ 31 bilhões, aumento de 57%.
A reserva feita para cobrir um eventual calote da Americanas somou R$ 788 milhões, metade do valor total devido pela varejista, segundo informa o BB em seu balanço. Somados, os quatro maiores bancos de capital aberto do país reservaram aproximadamente R$ 10 bilhões para cobrir possíveis perdas com os financiamentos à companhia.
Segundo o BB, há um monitoramento constante do caso, e o volume de provisão pode mudar de acordo com as negociações na recuperação judicial da Americanas.
O banco diz que "eventual necessidade de agravamento adicional do risco e seu impacto em provisão já estão devidamente contemplados nas projeções corporativas de 2023."
Sem considerar o caso Americanas, o lucro do BB no trimestre seria de R$ 9,4 bilhões, e no ano, de R$ 32,2 bilhões.
A carteira de crédito do BB superou a marca de R$ 1 trilhão em dezembro de 2022, com crescimento de 14,8% em um ano e de 3,7% em três meses.
Entre os segmentos, o maior avanço foi na carteira para o agronegócio, que avançou quase 25% em 12 meses e mais de 8% no trimestre.
Também cresceu a inadimplência superior a 90 dias no decorrer do ano passado. Os atrasos atingiram 2,51% da carteira total, o dobro da marca registrada ao final de 2021.
As despesas com provisões contra créditos de liquidação duvidosa, que já incluem os valores separados para o caso Americanas, cresceram mais de 72% em 12 meses, chegando a R$ 6,5 bilhões no quarto trimestre de 2022.
PROJEÇÕES PARA 2023
Assim como seus concorrentes, o BB espera um 2023 mais difícil. A previsão para crescimento da carteira de crédito está entre 8% e 12%, ante os quase 15% observados no ano passado.
As despesas de proteção contra inadimplência também devem aumentar, saindo dos R$ 16,7 bilhões no total do ano passado para um intervalo entre R$ 19 bilhões e R$ 23 bilhões em 2023. Para esta projeção, não contam os 50% de exposição à Americanas já provisionados.
Mesmo assim, o BB espera ter crescimento no lucro líquido. A projeção é de um intervalo entre R$ 33 bilhões e R$ 37 bilhões no acumulado de 2023.