Por que Hapvida e GPA despencaram após balanços, demissão em massa no iFood e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Entenda por que as ações de Hapvida e Grupo Pão de Açúcar despencaram na Bolsa depois da apresentação dos balanços. Petrobras registra em 2022 o maior lucro da história das empresas brasileiras, mas propõe reservar R$ 6,5 bilhões dos dividendos.
iFood demite 355 funcionários em mais um corte nos unicórnios brasileiros, o que muda com as novas regras para fabricação e venda de bacon e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (2).
**HAPVIDA E GPA DESPENCAM APÓS BALANÇOS**
Duas grandes companhias listadas na Bolsa brasileira viram suas ações despencarem nesta semana após a divulgação de balanços que surpreenderam negativamente os analistas e investidores.
A Hapvida, empresa verticalizada de saúde (modelo de gestão das operações de ponta a ponta), perdeu R$ 10 bilhões em valor de mercado com as ações tombando quase 33% nesta quarta.
A empresa, que se fundiu com a Notre Dame Intermédica em 2021, registrou prejuízo líquido de R$ 316,7 milhões no quarto trimestre, ante lucro de R$ 200 milhões no mesmo período de 2021.
O que mais assustou o mercado foi a taxa de sinistralidade caixa (relação entre o custo dos procedimentos e o valor pago pelos usuários), que atingiu 72,9%, numa alta de 8,1 pontos em comparação com 2021, quando a pandemia ainda atingia com força o país.
O GPA (Grupo Pão de Açúcar), dono das bandeiras de varejo Pão de Açúcar, Compre Bem, Mercado Extra e a colombiana Éxito, viu suas ações caírem 8,11% nesta quarta após terem tombado 7,16% na terça.
A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão no quarto trimestre de 2022, revertendo lucro de R$ 777 milhões no mesmo período de 2021.
O grupo justificou as perdas por conta do aumento das contingências tributárias e trabalhistas no período. Sem esses fatores, o prejuízo teria sido de R$ 146 milhões.
Para analistas ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, a empresa optou por aproveitar o resultado no vermelho e listar todos os indicadores negativos de uma só vez, para não contaminar os trimestres seguintes.
Especialistas também consideram que há um reflexo do caso Americanas, que deve aparecer ainda em outros resultados: por precaução, as companhias vão escancarar todos os riscos envolvendo seus ganhos e operações.
**LUCRO RECORDE**
Com o lucro de R$ 43,34 bilhões no quarto trimestre de 2022, alta de 37,6% ante o mesmo período de 2021, a Petrobras registrou o maior lucro anual da história das empresas brasileiras.
Os R$ 188,3 bilhões em 2022, que são um avanço de 76,6% em relação ao patamar de 2021, superam o resultado da Vale naquele ano, quando atingiu lucro de R$ 129,1 bilhões.
O QUE EXPLICA
O lucro recorde da Petrobras veio graças à alta no preço médio do barril de petróleo no ano (avanço de 43,1% ante 2021).
A estatal também atribuiu o resultado a maiores margens na venda de combustíveis, melhor resultado financeiro e ganhos com acordos de coparticipação em campos da Cessão Onerosa.
DIVIDENDOS
A Petrobras teria que distribuir mais R$ 35,8 bilhões , mas a nova gestão propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões desse total em uma reserva estatutária, que será avaliada pelos acionistas em assembleia.
A elevada distribuição de dividendos da estatal era alvo de fortes críticas do PT e de seus aliados na gestão Bolsonaro.
No ano passado, a petroleira brasileira foi a segunda companhia que mais distribuiu proventos no mundo, com US$ 21,7 bilhões (R$ 112,4 bilhões, pelo câmbio atual), atrás apenas da mineradora anglo-australiana BHP Billiton, segundo a gestora Janus Henderson.
O novo governo pretende reverter essa estratégia, ampliando investimentos, retomando operações em segmentos abandonados pela empresa e suspendendo vendas de ativos ?o Ministério de Minas e Energia pediu uma pausa nessas alienações por 90 dias.
MAIS NÚMEROS
Durante o ano, a estatal brasileira teve receita de R$ 641,2 bilhões, alta de 41,7% em relação ao verificado no ano anterior. O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), indicador que mede a geração de caixa, cresceu 45,1%, para R$ 340,5 bilhões.
**DEMISSÃO EM MASSA NO IFOOD**
O iFood confirmou nesta quarta (1º) que demitiu 355 profissionais, ou 6,3% do quadro da empresa, em áreas distintas dentro da empresa.
?O atual cenário econômico mundial tem exigido das empresas ações imediatas na busca por novas rotas para enfrentar essas adversidades. Não foi diferente com o iFood?, afirmou a líder do mercado de delivery de refeições no Brasil.
Os cortes vêm menos de um mês depois de a companhia ter fechado um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre seus contratos de exclusividade com restaurantes.
Conforme o entendimento, o iFood não poderá fechar esse tipo de acordo com marcas que tenham 30 ou mais estabelecimentos, além de os contratos terem duração de até dois anos.
No ano passado, o app de entregas foi avaliado em US$ 5,4 bilhões (R$ 28,1 bilhões) depois de o grupo holandês Prosus ter comprado a participação da Just Eat Takeaway na companhia, que era de um terço.
O Prosus passou a ter o controle total do iFood por meio da Movile, empresa que é dona do app de entregas de restaurantes.
DEMISSÕES NO SETOR
Outras concorrentes do iFood também promoveram desligamentos em massa neste ano, em meio à onda de cortes em empresas de tecnologia.
É o caso do 99, dona da 99Food ?que encerrou sua operação de delivery com entregadores parceiros? e do AiqFome, app voltado para pequenas e médias cidades que pertence ao Magazine Luiza.
**AS NOVAS REGRAS PARA O BACON**
As novas regras para a fabricação e venda de bacon entraram em vigor nesta quarta (1º).
A partir de agora, só pode ser chamado de bacon o produto que é feito da barriga do porco, ou seja, o bacon clássico.
COMO ERA
O alimento também poderia ser obtido de qualquer músculo sem osso próximo à barriga, desde que fossem incluídos os termos ?especial? ou ?extra? em seu nome comercial.
SIM, MAS...
O consumidor precisa ficar atento. A nova norma permite produzir um 'bacon genérico', feito de outras partes do porco.
Cortes defumados de lombo, pernil ou paleta de suínos, com ou sem ossos, poderão ser vendidos com o nome de "bacon de lombo", "bacon de pernil", "bacon de paleta" e assim por diante.
Os estabelecimentos registrados no Ministério da Agricultura terão prazo de um ano para se adequar às condições indicadas no atual regulamento.
Aos produtos fabricados até o final desse prazo, estará permitida a comercialização até o fim da validade.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
CONGRESSO NACIONAL
Governo quer atrasar votação de MP dos combustíveis em meio a risco de derrota no Congresso. Lideres do centrão querem mandar recado de que Planalto ainda precisa organizar base na Câmara.
PETROBRAS
Governo adia assembleia e muda indicação para conselho da Petrobras. Lista de nomes para colegiado elaborada pelo MME foi alvo de críticas de aliados.
LULA
Lula diz que aplicativos exploram trabalhadores de forma nunca vista na história. Presidente participou de evento no Planalto com dirigentes sindicais do continente americano.
AMERICANAS
Credores se irritam com acionistas da Americanas. Banqueiros e debenturistas esperam ser convocados para nova reunião em que bilionários anunciem injeção de recursos para salvar a empresa.
MERCADO
Surras, choques, spray de pimenta: o que afirmam os trabalhadores resgatados no RS. Homens contratados para trabalhar em colheita de uva em Bento Gonçalves estavam em regime análogo à escravidão, segundo autoridades.