Governo indica para conselho da Petrobras ex-diretor da Aneel ligado ao Centrão

Por NICOLA PAMPLONA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A criticada lista do MME (Ministério de Minas e Energia) para a renovação do conselho de administração da Petrobras foi alterada pela segunda vez pelo governo, com a inclusão do ex-diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) Efrain Pereira da Cruz.

Ele substitui Carlos Eduardo Turchetto Santos, presidente da CMAA (Companhia Mineira de Açúcar e Álcool), indicação que poderia ser questionada em órgãos internos por conflito de interesse, já que o setor sucroalcooleiro concorre com a Petrobras no mercado de combustíveis.

Cruz é apontado como ligado aos senadores Davi Alcolumbre (União-AP) e Marcos Rogério (PL-RO), hoje em licença. Em 2022, relatou polêmico processo sobre térmica emergencial da Âmbar, empresa dos mesmos donos da JBS, que acabou sendo questionado pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

Sua nomeação tenta aliviar a pressão do bloco PSD e União Brasil por cargos no governo. Membro do PSD, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem se esforçado para cumprir essa missão, sob protestos de integrantes e aliados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Sua lista inicial entrou na mira de sindicatos e aliados do governo, por supostamente destoar do programa proposto pela campanha de Lula, que pregava uma Petrobras com mais investimentos e de volta a segmentos abandonados em gestões anteriores.

Membro da equipe de transição para a área energética, o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, chegou a afirmar que os primeiros nomes eram "ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações".

O indicado para presidir o conselho, Pietro Mendes, por exemplo, foi secretário do MME durante a gestão do contra-almirante Bento Albuquerque, hoje no centro do escândalo das joias recebidas de presente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e apreendidas pela Receita Federal.

Na primeira alteração da lista, o governo retirou o nome de Wagner Victer, ex-secretário dos governos da família Garotinho, pelo consultor legislativo Bruno Moretti. Ambos são próximos do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mas Moretti tem histórico mais alinhado ao PT.

A indicação de Cruz é mais uma derrota para os petroleiros, que colaboraram na campanha de Lula e tentam emplacar no conselho da Petrobras o nome de Guilherme Estrella, ex-diretor da estatal apontado como um dos responsáveis pela descoberta do pré-sal.