Bolsa sobe mais de 2% e dólar cai para R$ 5,11 com otimismo sobre novo arcabouço fiscal

Por RENATO CARVALHO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após acumular perdas na virada entre fevereiro e março, a Bolsa tem recuperação mais consistente nesta quarta-feira (8). O dólar está em baixa, ficando próximo do patamar visto no fim de janeiro. O ambiente local é o grande foco dos investidores, que estão otimistas com o novo arcabouço fiscal, e seus efeitos na taxa de juros brasileira.

Às 13h10, o Ibovespa subia 2,05%, a 106.374 pontos. O dólar comercial à vista recuava 1,46%, a R$ 5,118.

A perspectiva sobre os efeitos positivos do novo arcabouço fiscal aparece também no mercado de juros. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 caíam dos 13,20% do fechamento desta terça-feira (7) para 13,09%. No vencimento em janeiro de 2025, a taxa recuava de 12,62% para 12,38%. Para janeiro de 2027, os juros passavam de 12,99% para 12,78%.

O mercado começa a antecipar os possíveis efeitos de um novo arcabouço fiscal construído pelo governo, com a participação do Banco Central. Segundo analistas, nestas bases, é possível que a autoridade monetária consiga antecipar o início do ciclo de corte nos juros.

Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, afirma que a aproximação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, pode trazer resultados muito rápidos.

"Há a expectativa de que o novo arcabouço fiscal seja apresentado ainda este mês, antes da próxima reunião do BC para definir os juros. Isso abre a possibilidade de haver um corte na Selic já neste encontro do final de março", afirma Luivez.

A perspectiva de corte de juros no Brasil ainda este ano também está no cenário traçado pelo Bank of America. Em relatório, os analistas comparam os potenciais dos mercados brasileiro e mexicano, e quando se trata de ações, preferem o Ibovespa.

"O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve desacelerar em 2023, com uma situação mais difícil no mercado de crédito. Com a inflação mais controlada, o Banco Central deve começar a cortar juros", escrevem os analistas Claudio Irigoyen e Anne Milne, do BofA.

Para os analistas, o corte de juros devem começar mais cedo no Brasil, que levará a um aumento no fluxo de recursos para a Bolsa.

Em Nova York, os índices oscilam próximos da estabilidade. Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), fala nesta quarta aos deputados no Congresso. Seu discurso está mais concentrado na necessidade do aumento do teto de endividamento dos Estados Unidos, que ele afirma ser "a única solução" fiscal para o país neste momento.

Sobre a taxa de juros, o presidente do Fed não deu muitas pistas. "Ainda não tomamos nenhuma decisão sobre a reunião de março, não faremos isso até vermos os dados adicionais" que virão entre agora e a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 21 a 22 de março.

As vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos caíram menos do que o esperado em janeiro, e os dados para o mês anterior foram revisados para cima.

As vagas de emprego disponíveis, uma medida da demanda por trabalhadores, diminuíram em 410 mil, para 10,8 milhões no último dia de janeiro, disse nesta quarta-feira o Departamento do Trabalho em sua pesquisa mensal sobre aberturas de empregos e rotatividade, conhecida como relatório JOLTS.

Os dados de dezembro foram revisados para 11,2 milhões de vagas de trabalho em vez dos 11,0 milhões informados anteriormente.

Às 13h10, o índice Dow Jones operava em baixa de 0,21%. O S&P 500 tinha leve alta de 0,03%. O índice Nasdaq operava com avanço de 0,44%.