Ex-presidente da Americanas presta depoimento à CVM
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ex-presidente da Americanas Miguel Gutierrez prestou nesta quinta-feira (16) depoimento à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que tem uma série de processos abertos para investigar responsabilidades da gestão da companhia na crise que levou ao pedido de recuperação judicial.
Gutierrez ficou por cerca de quatro horas na sede da autarquia, no centro do Rio de Janeiro, mas entrou e saiu sem falar com a imprensa. A CVM não confirma para qual dos processos foi dado o depoimento. O teor das falas do executivo também não foi divulgado.
Ele passou 20 anos no comando da Americanas, acumulando a função com a diretoria de relações com investidores. Deixou a empresa em 2021 para ser substituído por Sergio Rial, que anunciou a descoberta de inconsistências contáveis e seus balanços.
Rial, que também já deixou a varejista, disse que o problema que resultou nas inconsistências se arrastava por ao menos sete a nove anos, período em que Gutierrez comandava a companhia. Outros diretores da empresa durante essa gestão forma afastados no início do ano.
Entre os processos abertos pela CVM, estão investigações sobre as práticas contábeis, o cumprimento das regras de divulgação, a atuação de auditorias e até eventual uso de informação privilegiada na venda de ações por executivos, que ganhavam os papeis como bonificação por desempenho.
Além da administração da Americanas, a CVM investiga também os acionistas de referência da companhia, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Eles são alvo de um processo que investiga os passos adotados após o anúncio do escândalo contábil.
Ao todo, a CVM tem oito processos e dois inquéritos administrativos para apurar a crise da Americanas. Os inquéritos são evoluções dos processos, um sinal de que a autarquia já tem mais elementos de irregularidades.
Reservado, Gutierrez era muito próximo de Sicupira, que ocupou a presidência do conselho da Americanas por muitos anos e é hoje um dos acionistas de referência e conselheiro da varejista, ao lado de Lemann e Telles.
Foi ele o integrante do trio de sócios do antigo GP Investimentos (berço do 3G Capital) responsável por desenvolver a empresa, enquanto Marcel Telles fez o mesmo na Ambev.