Com 8 paradas de produção, montadoras avaliam que primeiro trimestre foi ruim

Por EDUARDO SODRÉ

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O primeiro trimestre terminou com alta de 8% na produção de veículos leves e pesados. Apesar do crescimento em relação ao mesmo período de 2022, a Anfavea (associação das montadoras), não gostou do resultado.

"Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022", disse, em nota, o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.

"A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda."

De acordo com os dados da Anfavea, foram fabricadas 536 mil unidades entre janeiro e março, número que inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.

O presidente da associação afirmou ainda que, no setor de vendas, o mês de março foi um pouco melhor devido às compras realizadas por locadoras. Esse segmento foi responsável por 28% dos emplacamentos.

Foram emplacadas 471,6 mil unidades no primeiro trimestre -com destaque para o último mês, que terminou com 198,9 mil licenciamentos.

"Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado", afirmou Leite no comunicado divulgado nesta segunda (10).

Além dos pedidos por melhorias na oferta de crédito, a Anfavea negocia o retorno dos carros populares. A entidade chegou a avançar nessas negociações, mas optou por deixar que cada associada escolha o caminho a seguir.

Isso ocorre devido às diferenças entre as marcas: nem todas estão interessadas no tema.

Esse carro de entrada de baixo custo impacta algumas montadoras, que se reúnem diretamente com o governo", disse Leite.

A proposta é oferecer um produto com maior apelo ambiental e, dessa forma, costurar uma categoria de tributação exclusiva, adequada ao novo arcabouço fiscal.

Uma das possibilidades é substituir a nomenclatura "carro popular" por "carro verde", priorizando o uso do etanol.