Bruno Gagliasso investe em mercado verde e diz que, em sua empresa, só fala em bilhão

Por PAULO RICARDO MARTINS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ativista, Bruno Gagliasso, 41, se tornou um bem-sucedido empreendedor. Quem o conhece afirma, em tom de brincadeira, que ele nem precisa mais trabalhar. Neste mês, lança seu mais novo investimento em uma plataforma que comercializa os chamados créditos de sustentabilidade --uma moeda verde que tem cotação global.

Apoiador de Lula durante a campanha, Gagliasso defende a política do presidente, que busca investimentos do exterior para a Amazônia. Para ele, os países querem cuidar da floresta não só porque o mundo precisa, mas também porque dá dinheiro.

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Folha - Você se define como um ativista ambiental?

Bruno Gagliasso - Sim. Foi indo para a Amazônia, e vendo aquela floresta pegar fogo com os meus próprios olhos, que descobri essa minha missão de vida. Eu sou embaixador da Unicef [órgão da ONU voltado à infância]. Hoje, não cabe cuidar de crianças e não cuidar da natureza. Meu entusiasmo e ativismo ambiental me levou ao empreendedorismo na biodiversidade.

Folha - Investir em meio ambiente dá dinheiro?

Bruno Gagliasso - A moeda verde não é mais o futuro. É o presente. Esse mercado é o que mais cresce. Na nossa empresa, a BMV [Brasil Mata Viva], a gente está falando de bilhão, não é milhão. Todos os países estão colocando dinheiro na Amazônia. E querem cuidar da floresta porque o mundo precisa e porque dá dinheiro. É um novo mercado.

Folha - Você é sócio de muitas empresas.

Bruno Gagliasso - Estou só nas que acredito e que, acho, farão diferença no mundo. Invisto hoje a Loft, a Credpago, a BMV.

Folha - O presidente Lula se comprometeu com a agenda verde. Isso incentiva novos negócios nessa área?

Bruno Gagliasso - Totalmente. É só você abrir os jornais e ver a quantidade de dinheiro que os países de fora estão colocando no Brasil. A gente tem a floresta. Tudo o que o mundo quer preservar está aqui. Então, vamos preservar e fazer dinheiro com isso.

Folha - Como funciona seu novo negócio?

Bruno Gagliasso - A BMV calcula o valor dos ativos --preservação do fluxo de água, por exemplo-- da floresta em pé. E transforma isso em uma UCS (Unidade de Crédito de Sustentabilidade). Depois, ela tokeniza esses ativos e vende no mercado. Uma mata que está sendo cuidada é então convertida em UCSs. A pessoa que comprá-las, vira uma associada. Ela não vale dinheiro porque a minha empresa está falando, é porque internacionalmente vale dinheiro. E vai a mercado.

Raio-X

Profissão: ator, modelo, empreendedor

Atuação: Dono das pousadas Maria Flor e Maria Bonita, em Fernando de Noronha. No interior do Rio de Janeiro, lançou o Rancho da Montanha, onde usa painéis solares para gerar a energia ali consumida. É sócio da Credpago e da startup imobiliária Loft.