Grandes empresas impulsionam onda de recuperação judicial no país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A onda de pedidos de recuperação judicial, que começou a tomar força em novembro de 2022 e ganhou destaque em janeiro com o caso Americanas, teve mais um impulso.
Os novos dados mensais que serão divulgados pela Serasa Experian apontam 93 requerimentos registrados no país em abril, um aumento de 43% em relação ao mesmo mês do ano passado.
No acumulado de 2023, já são mais de 380 casos.
Em volume, as micro e pequenas empresas lideram os pedidos de recuperação judicial em abril, com 64 requerimentos, seguidas pelos médios negócios (18) e os grandes (11). Mas o avanço no acumulado deste ano vem sendo puxado pelas grandes, que tiveram quase 60% de crescimento no número de pedidos, ante 53% das micro e pequenas e 6% das médias.
Na classificação da Serasa, as grandes empresas são as que faturam mais de R$ 50 milhões por ano.
"O que preocupa é que as grandes estão com crescimento maior. Isso mostra que a situação de estagnação da economia e juros altos não está batendo só no pequeninho. Aumentou a participação das grandes nessa estatística. Antes, não era o número que mais crescia", diz Luiz Rabi, economista da Serasa.
Por setores, a indústria tem 67% de aumento nos pedidos de recuperação judicial e o setor primário, que abrange o agronegócio, alcançou 68%.
No caso do agro, foram 37 empresas de janeiro a abril deste ano, ante 22 no mesmo período de 2022.
O caso da Light vai entrar no indicador de maio.
A tendência ainda deve prevalecer nos próximos meses, porque está ligada aos números de inadimplência, que continuam subindo, segundo as previsões de Rabi.
"A inadimplência só vai começar a cair quando a economia voltar a crescer, o juro voltar a cair e a inflação estiver mais baixa. Já temos alguns avanços, mas ainda está muito no começo para conseguir reverter, e esses números de insolvência entrarem em uma curva diferente da atual", afirma Rabi.
Os pedidos de falência também seguem em alta, com 91 registros em abril, avanço de 12% na comparação com o mesmo mês do ano passado.