Bolsa cai puxada por Petrobras e Bradesco após balanços fracos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira caiu 0,89% e fechou aos 119.507 pontos nesta sexta-feira (4) pressionada por ações da Petrobras e do Bradesco, que divulgaram queda no lucro em seus balanços do segundo trimestre. Com o resultado deste pregão, o Ibovespa acumula baixa semanal de 0,56%.
Já o dólar abriu em leve alta, mas terminou o dia em queda de 0,44%, cotado a R$ 4,875, passando a ter desempenho negativo após a divulgação de dados de emprego dos Estados Unidos, que vieram abaixo das expectativas do mercado. Na semana, porém, o dólar acumula alta de 3%, ganhando tração num ambiente de aversão ao risco no exterior e com o corte maior que o esperado da Selic no Brasil.
O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou nesta sexta que foram abertas 187 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no país em julho, menor que a previsão de 200 mil vagas feita por economistas consultados pela Reuters. Já a taxa de desemprego americana caiu para 3,5%, ante 3,6% no mês anterior.
De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, a criação de postos de trabalho abaixo do esperado mostra que a alta de juros do país pode estar surtindo efeito, mas a taxa de desemprego menor e os salários mais altos indicam o contrário.
"Salários seguem crescendo sem sinal de desaceleração. O trabalhador continua tendo ganhos reais de renda e, consequentemente, tende a manter consumo aquecido. Isso acontecendo, temos um cenário mais complexo para redução de inflação e consequentemente possível redução de juros, reforçando a ideia do 'higher for longer' [mais alto por mais tempo]", acrescentou Castro Alves.
Já Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital, aponta que o dado mostra que o mercado de trabalho americano está desacelerando em um ambiente de moderação da inflação.
"Isso deve dar tranquilidade ao Fed para manter a taxa de juros estável na próxima reunião, em setembro. Esse dado corrobora nossa leitura de que o ciclo de alta do Fed se encerrou na reunião de julho", diz Barbosa.
Após a divulgação dos números, o dólar passou a cair no Brasil, em sintonia com a perda de força da moeda norte-americana ante divisas fortes no exterior. O dólar também caiu ante a maior parte das divisas de países emergentes ou exportadores de commodities.
Na Bolsa brasileira, a queda do Ibovespa foi puxada pela Petrobras, que divulgou na quinta (3) seu balanço corporativo do segundo trimestre. A petroleira teve lucro de R$ 28,8 bilhões no período, uma queda de 47% em relação ao balanço anterior.
Foi o primeiro resultado trimestral anunciado pós a mudança na política comercial da Petrobras, que deixou de seguir o conceito de paridade de importação, que estima quanto custaria para trazer os produtos ao país.
Com isso, a Petrobras registrou forte queda de 2,84% em suas ações preferenciais e de 4,10% nas ordinárias, pressionando o Ibovespa.
Além disso, um recuo de 6,58% das ações do Bradesco puxava o desempenho do índice. O banco também divulgou seu balanço do segundo trimestre, que apontou queda de 36% no lucro.
Do outro lado, as ações da Vale, que subiram 0,20%, atenuaram a queda do Ibovespa, em dia de otimismo de investidores sobre a economia da China. Fortes altas de Renner (5,92%), BRF (5,78%) e Dexco (5,80%) também apoiaram o Ibovespa e foram as maiores do pregão, beneficiadas pelo início do ciclo de corte de juros desta semana.
O índice de "small caps", que reúne empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, ou seja, mais sensíveis à queda de juros, subiu 0,66% nesta quinta.
Já as curvas de juros futuras registraram leve alta, ajustando-se após fortes quedas registradas nos últimos pregões. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 iam de 12,45% para 12,47%, enquanto os para 2025 iam de 10,47% para 10,48%.
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários também abriram em alta, mas afundaram ao logo do dia. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq caíram 0,53%, 0,43% e 0,36%, respectivamente.
O mercado americano foi surpreendido na quinta (3) pelo balanço da Apple, que apontou queda nas vendas de iPhones nos próximos meses. Por isso, mesmo atingindo as expectativas de receita e lucro, a companhia teve queda de 4,72% no pregão.