Sem contar gasolina, IPCA teria deflação de 0,11%, maior que a de junho
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Se a alta nos preços da gasolina no mês de julho fosse excluída da conta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o Brasil teria registrado uma deflação de 0,11% no mês passado, segundo André Almeida, analista da pesquisa no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em julho, o IPCA teve alta de 0,12%, segundo o que foi divulgado nesta sexta-feira (11), acima do consenso de projeções levantadas pela Bloomberg, que esperava inflação de 0,08%. O subitem que mais contribuiu para o resultado foi a gasolina, segundo o IBGE, com 0,23 ponto percentual de elevação.
Com a exclusão da gasolina, o IPCA de julho teria uma deflação ainda maior do que a registrada em junho, quando o índice recuou 0,08%. Naquele mês, o preço da gasolina caiu 1,14%.
Entre os combustíveis, o etanol e o gás veicular também registraram altas de preços em julho, segundo o IBGE, de 1,57% e 3,84%, respectivamente, enquanto o óleo diesel recuou 1,37%.
Mas a inflação de julho poderia ter sido muito maior se a Petrobras estivesse praticando o PPI (preço de paridade de importação), que foi abandonado pela estatal com a sua nova política de preços, em maio.
Se a Petrobras estivesse em linha com a paridade internacional, poderia ter reajustado para cima os preços dos combustíveis, seguindo a forte valorização nas últimas semanas do barril de petróleo tipo Brent no mercado externo. Isso contribuiria ainda mais para a alta do IPCA.
Desde que a Petrobras colocou em prática a nova política de preços da estatal, a gasolina e o diesel são vendidos no Brasil, tanto nos polos da Petrobras como em outros dos principais polos do país, com defasagem frente aos preços praticados no mercado internacional.
Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o litro da gasolina vendida nos polos da Petrobras está em média com defasagem de 25% nesta sexta-feira, ou R$ 0,80 mais barato no país do que no exterior.
Além do índice mensal, o preço dos combustíveis também pesou no acumulado de 12 meses do IPCA.
Acontece que as deflações registradas no segundo semestre de 2022 estão saindo da base de cálculo do índice.
Na segunda metade de 2022, o IPCA perdeu força com a redução artificial de itens como os combustíveis, devido às desonerações promovidas pelo governo Jair Bolsonaro (PL), num esforço para conter a alta dos preços.