Dólar abre em queda após aprovação do arcabouço fiscal no Congresso

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em queda nesta quarta-feira (23) após a aprovação do novo arcabouço fiscal no Congresso. O projeto de lei que põe fim ao teto de gastos teve apoio de ampla maioria na Câmara e, por já ter passado pelas duas Casas, segue para sanção presidencial.

Às 9h13, o dólar caía 0,25%, cotado a R$ 4,927.

O novo arcabouço fiscal foi desenhado com a promessa de garantir mais recursos para políticas públicas e ao mesmo tempo reequilibrar gradualmente as contas do governo, que entraram no vermelho em 2014 ?e, desde então, só exibiram resultado positivo em 2022.

A proposta determina que as despesas federais vão crescer todo ano de 0,6% a 2,5% em termos reais (além da inflação). O percentual vai variar dentro desse intervalo de forma proporcional às receitas obtidas pelo governo ?ou seja, quanto maior tiver sido a arrecadação, mais será possível gastar.

A aprovação do arcabouço fiscal era um dos eventos mais esperados pelo mercado. Com as novas regras, a avaliação é que a percepção de risco sobre o Brasil deve diminuir, aumentando a atratividade do país para investimentos estrangeiros.

Além disso, o Copom (Comitê de Política Monetária) mencionava "incertezas sobre a política fiscal" em suas atas de reuniões sobre juros ao justificar a manutenção da Selic no patamar de 13,75% ao ano. Em sua decisão mais recente, no início de agosto, o comitê retirou esse trecho e promoveu um corte maior que o esperado pelo mercado.

Com a aprovação das novas regras, a expectativa é que aumentem as chances de reduções de juros mais agressivas.

O mercado também vê como positivo o apoio obtido pelo governo para a aprovação do projeto, o que mostra que a pauta econômica pode avançar mesmo após embates entre governo e congressistas nos últimos dias.

Agora, a expectativa é sobre a apreciação do projeto que altera as regras do Carf, visto como essencial para que o governo aumente a receita e, com isso, cumpra as metas de déficit estabelecidas pelo arcabouço fiscal.

"Com a agenda do governo no Congresso sendo destravada, a tendência é que os ativos consigam se recuperar, tal como ocorreu na sessão de terça com o Ibovespa", disse a equipe da Guide Investimentos nesta manhã.

Na terça, a expectativa sobre o arcabouço fiscal apoiou os negócios no Brasil, fazendo a Bolsa brasileira registrar alta de 1,50%, fechando aos 116.156 pontos, e o dólar cair 0,77%, terminando o dia cotado a R$ 4,939. Um ambiente externo favorável ao risco também impulsionou os ativos locais.

A alta do Ibovespa foi puxada principalmente da Vale ?em dia de alta do minério de ferro no exterior? e da Petrobras, que avançaram 2,25% e 1,35%, respectivamente. Altas de Itaú (1,00%), Localiza (3,40%) e Ambev (0,97%), que completaram a lista de mais negociadas da sessão, também impulsionaram o índice.

Na ponta negativa, o setor de varejo pressionou o Ibovespa, com quedas de Via (0,59%) e Carrefour (0,96%) figurando entre as maiores da sessão.

Nos Estados Unidos, os principais índices fecharam em queda, com o S&P 500 e o Dow Jones registrando baixas de 0,28% e 0,51%, respectivamente. Já o Nasdaq permaneceu estável.

No exterior, investidores aguardam o Simpósio de Jackson Hole, que terá início na quinta-feira (21) e vai reunir presidentes dos principais bancos centrais. O discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) é o mais esperado, com o mercado a procura de pistas sobre o futuro da política monetária americana.

Preocupações sobre uma possível alta de juros nos EUA ainda este ano colaboraram para um ambiente de aversão ao risco e fizeram a moeda disparar nos últimos pregões.

Na terça, porém, os rendimentos dos títulos americanos caíram após terem atingido máximas em 16 anos recentemente, o que indica certo alívio de operadores de mercado sobre a condução da política monetária americana.

Com o alívio nos títulos dos Estados Unidos, os negócios locais também foram beneficiados, em especial porque as curvas de juros futuros brasileiras seguiram a tendência de queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 caíram de 10,60% para 10,53%, enquanto os para 2026 foram de 10,26% para 10,16%.