Light desiste de recuperação judicial polêmica

Por NICOLA PAMPLONA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O conselho de administração da Light decidiu nesta terça-feira (5) suspender o polêmico pedido de recuperação judicial da distribuidora de eletricidade, feito em maio, para lidar com dívidas de cerca de R$ 11 bilhões.

A informação foi divulgada inicialmente pelo colunista Lauro Jardim, de "O Globo", e confirmada pela Folha de S.Paulo com fontes próximas ao comando da empresa. Agora, a companhia deve apresentar um plano de renegociação de suas dívidas. A Light ainda não se manifestou.

O pedido de recuperação judicial da distribuidora era contestado pelos credores e por especialistas no setor elétrico, já que a lei não dá a concessionárias de serviço público a possibilidade de pedir socorro à Justiça para equacionar dívidas.

Para driblar esse obstáculo, a Light formulou o pedido por meio de sua holding, que controla a distribuidora de eletricidade que abastece parte do estado do Rio de Janeiro e empresas de geração e comercialização de energia.

O plano de recuperação da companhia foi apresentado à Justiça no dia 14 de julho, com seis opções de pagamento aos credores, desde depósito à vista para pequenos credores à conversão de dívidas em ações, para grandes credores.

Os termos desagradaram um grande número de credores, que se uniram para tentar rejeitar o plano. Detentores da maior parte da dívida, fundos de debenturistas pedem maior transparência ao processo e ameaçam com denúncia na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

No início de agosto, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirmou que o plano de resultados apresentado pela distribuidora não trouxe condições suficientes para assegurar a sustentabilidade da sua concessão.

A decisão por desistir do pedido de recuperação judicial foi tomada por um conselho eleito no dia 18 de julho pelo empresário Nelson Tanure, que adquiriu fatia relevante na companhia após o estouro da crise financeira.

Em junho, sua gestora WNT elevou a participação na companhia de 22% para 28%, tornando-se a maior acionista, posto que antes era do fundo Samambaia, de Ronaldo Cezar Coelho. Em julho, às vésperas da eleição do novo conselho, foi a 30%.

A Light, que presta atendimento a 4,5 milhões de consumidores em mais de 30 municípios do Rio de Janeiro. Parte da área de cobertura está em locais dominados por narcotráfico e controle armado de milícias. A companhia é afetada pela perda de receita com furtos de energia.