Casal que usou voucher da 123milhas em resort tem hospedagem negada
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um casal de Campo Grande teve sua hospedagem negada no resort Coroa Vermelha Beach, em Porto Seguro (BA). A justificativa foi que a estadia havia sido cancelada pela 123milhas, plataforma na qual a hospedagem foi adquirida.
A 123milhas entrou em recuperação judicial no dia 31 de agosto. Antes disso, em 18 de agosto, a empresa suspendeu a venda de toda a linha Promo -de passagens e reservas feitas sem data definida- e distribuiu vouchers para que os clientes fizessem a remarcação dos produtos.
O casal, que comprou as passagens de volta e a estadia pela linha Promo, usou os vouchers para a remarcação. Conseguiu os bilhetes da volta, pela companhia aérea Gol, assim como a estadia, que começa a contar no próximo dia 21.
Mas, quando entraram em contato para confirmar a reserva no resort, foram informados pelo Coroa Vermelha Beach que a 123milhas havia cancelado a estadia. O hotel, porém, se negou a apresentar um comprovante do cancelamento.
O resort Coroa Vermelha Beach é um dos credores da 123milhas, com R$ 28,1 mil a receber.
O casal recorreu à Justiça e obteve, na sexta-feira (15), uma liminar da 5ª Vara do Juizado Especial Central da Comarca de Campo Grande, que determinou que o resort Coroa Vermelha Beach cumpra a estadia, pela qual o casal pagou R$ 12 mil -para ambos e para um grupo de seis idosos, que inclui pais, sogros e tios.
"O resort alegou que a 123milhas havia suspendido a hospedagem. Mas entramos em contato com a empresa, que afirmou que não havia suspendido, nem as passagens nem a estadia", diz a advogada Beatriz Mariano, que atendeu os consumidores.
De acordo com a advogada, alguns hotéis estão cancelando a estadia de hóspedes que fizeram a reserva por meio da plataforma de turismo. "Já estou atendendo outros dois casos semelhantes", afirma Beatriz.
O Coroa Vermelha Beach foi procurado pela Folha, mas não atendeu a reportagem até a publicação deste texto.
Em nota, a 123milhas afirmou que "os cancelamentos, tanto de reservas já pagas quanto a vencer, ferem os contratos vigentes e as empresas estão sendo notificadas extrajudicialmente por desrespeitarem o artigo 7º, parágrafo único, e art. 25, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor, que trata sobre a responsabilidade solidária pelo serviço ofertado por todos os fornecedores da cadeia de consumo".
A plataforma de turismo disse que, "em virtude da recuperação judicial, a empresa está impedida temporariamente, sob as penalidades da lei, de realizar pagamentos, reembolsos ou remarcações geradores de novo custo, de qualquer natureza, referente a transações realizadas até a data de 29 de agosto de 2023". Na data, a empresa entrou com o pedido de recuperação judicial.
"Estamos trabalhando fortemente, em observância às leis e autoridades competentes, para restabelecer nossas operações. Lamentamos muito o inconveniente", afirmou a 123milhas.