Governo deve indicar servidor Rodrigo Alves Teixeira para diretoria do BC

Por NATHALIA GARCIA E CATIA SEABRA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve indicar o servidor Rodrigo Alves Teixeira para uma das duas diretorias do Banco Central que ficarão vagas na virada do ano.

Ele deve assumir o comando da área de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta como substituto de Mauricio Moura, cujo mandato termina no dia 31 de dezembro. O posto é tradicionalmente ocupado por um servidor de carreira do BC.

A informação foi divulgada pelo Valor e confirmada pela reportagem. A expectativa é que seu nome seja anunciado ainda nesta semana.

Teixeira atua hoje como secretário especial adjunto de Análise Governamental na Casa Civil e é professor do departamento de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Servidor de carreira do BC com mais de 20 anos de casa, ele trabalhou como chefe de gabinete e vice-secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de São Paulo, entre 2013 e 2015 -período em que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) estava à frente da Prefeitura.

Atuou também como assessor do gabinete da SOF (Secretaria do Orçamento Federal), no Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Ele é graduado, mestre e doutor em economia pela USP (Universidade de São Paulo).

Na segunda-feira (23), Haddad confirmou que o presidente Lula já deu aval aos dois nomes escolhidos para a cúpula do BC.

De acordo com relatos feitos à reportagem, o ministro disse ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que um dos indicados representa os servidores de carreira do BC, com mais de 20 anos de casa.

O outro escolhido, que deve ocupar a cadeira de Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) no próximo ano, é um professor com grande experiência em inflação.

"É gente conhecida, gente com experiência na área, não tem surpresa", disse o ministro a jornalistas na sede da pasta. Sem citar nomes, ele comentou que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já foi informado sobre os futuros indicados.

De acordo com o chefe da equipe econômica, o anúncio dos escolhidos por Lula deve ser feito em breve.

Segundo a lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021, cabe ao presidente da República a indicação dos nomes para a cúpula do BC. Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado. Os escolhidos são, então, levados ao plenário para aprovação.

Embora os mandatos dos dois diretores só terminem no fim do ano, o governo quer dar celeridade às indicações para que os escolhidos passem pela sabatina ainda em 2023, antes do recesso do Congresso Nacional.

A ideia é assegurar que os novos integrantes participem do primeiro encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC de 2024, agendado para os dias 30 e 31 de janeiro.

Com a indicação, a autoridade monetária passará a contar com quatro diretores designados por Lula entre os nove componentes do colegiado do BC. Os dois primeiros foram Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, e Ailton Aquino -que hoje chefia a área de Fiscalização.

Os novatos chegarão à autarquia com a missão de colaborar para a redução dos juros, como pleiteada pelo governo petista, em meio a um ambiente de deterioração do cenário externo que tem levado os economistas a discutirem a possibilidade de frear o relaxamento da política monetária.