Big tech compra combustível verde de aviação, regras para influencers de finanças e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Big tech compra combustível verde de aviação, regras para influencers de finanças e o que importa no mercado.
*POR QUE BIG TECH COMPRA COMBUSTÍVEL SUSTENTÁVEL DE AVIAÇÃO*
Uma big tech deve estar entre as grandes compradoras de combustível verde de aviação nos próximos anos.
Entenda: a Microsoft fechou dois acordos para comprar quase 200 milhões de litros de SAF (sigla inglesa para combustível sustentável de aviação) ao longo da próxima década.
O combustível é feito a partir de óleos de plantas como palma e mamona, e de rejeitos orgânicos, incluindo óleos vegetais descartados.
Além de poluir 80% menos que o querosene, ele desponta como alternativa limpa mais viável por poder ser usado nos atuais motores de aviões sem grandes adaptações.
O que explica: a Microsoft quer compensar o carbono que são emitidos as viagens feitas por seus funcionários. O setor aéreo contribui com cerca de 2,5% das emissões de CO2 causadas pelo homem, incluindo o impacto dos contrails (aqueles rastros que os aviões deixam nos céus).
Além da Microsoft, o Google é outra empresa que se comprometeu a comprar centenas de milhões de créditos de SAF, assim como a gigante europeia de entregas DHL Group.
As big techs e outras empresas fora do ramo da aviação que estão anunciando esses acordos não estão comprando o combustível em si.
Elas adquirem créditos que têm como objetivo incentivar a produção e a adoção do SAF ?cobrindo o custo adicional do combustível mais limpo.
Sim, mas? Hoje o SAF representa só 0,1% de todo o combustível de aviação usado no mundo. O subsídio por meio de créditos pode ajudar na demanda pelo produto, mas outro entrave é a oferta.
Uma fábrica custa cerca de US$ 500 milhões e demora cinco anos para ficar pronta.
Os ambientalistas também dizem que as empresas não devem usar o SAF como desculpa para voar mais. Eles argumentam que também é papel delas reduzir as viagens aéreas dos funcionários.
*STARTUP DA SEMANA: SANII*
O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.
A startup: fundada neste ano, atua na prevenção de doenças cognitivas e para melhorar a qualidade de vida de idosos.
Em números: a Sanii anunciou ter recebido um aporte de R$ 8 milhões em uma rodada pré-seed (entenda aqui as etapas de investimento em startups).
Quem investiu: a rodada foi liderada pela gestora Valor Capital e teve participação de mais 15 investidores.
Que problema resolve: a startup tem como serviço visitas domiciliares para o público acima de 60 anos. Com duração de 1h30, elas envolvem atividades e exercícios personalizados para estimular o cérebro dos idosos, além de promover a socialização.
A Sanii atua em bairros de São Paulo e está para lançar um espaço físico em Higienópolis, onde serão promovidas atividades em grupos.
Por que é destaque: a startup tem como público-alvo uma faixa etária que se torna cada vez mais representada na sociedade brasileira, mas que segue excluída da oferta de serviços e produtos, como mostrou a Folha de S.Paulo.
15,6% dos brasileiros, ou 33,7 milhões de pessoas, são da faixa de 60+, enquanto os jovens de 20 a 29 anos somam 33,5 milhões, segundo o IBGE.
*'FINFLUENCERS' NA MIRA DA ANBIMA*
O número de seguidores dos "finfluencers", como são chamados os influenciadores de finanças brasileiros, não para de crescer desde que a Selic foi pro chão, no auge da pandemia.
A partir de 13 de novembro, eles e as empresas que os contratam para publis terão que seguir regras novas regras criadas pela Anbima, entidade autorreguladora do mercado financeiro.
Em números:
515 "finfluencers" brasileiros estavam ativos no fim do primeiro semestre, de acordo com levantamento da Anbima em parceria com o Ibpad (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados).
6% foi a alta de seguidores em relação ao fim de 2022, totalizando 176,3 milhões. O número equivale à soma de seguidores em todos os perfis (Facebook, Instagram, X, YouTube) de cada influenciador.
Veja aqui os influenciadores de finanças mais relevantes de 2023, segundo o levantamento.
Os temas mais abordados? Mercado de ações (48,9%), economia brasileira (10,5%) e criptomoedas (9,4%).
?E os que mais geraram interações: CDBs (Certificados de Depósito Bancário), com 11 mil em média, e Tesouro Direto com média de 10,2 mil.
Por que há diferença?
"Para o influencer ganhar dinheiro, ele precisa de um patrocínio, afinal a monetização é o interesse de quem quer ser influencer", diz Carlos Castro, CEO da SuperRico e planejador financeiro certificado pela Planejar.
Ele alerta para casos de possíveis conflitos de interesses, quando um influenciador patrocinado por uma companhia fala mais sobre assuntos que geram maior lucro para a empresa, por exemplo.
É para mitigar esse problema que a Anbima criou uma regulamentação para o setor.
A principal regra é a obrigatoriedade de o influenciador informar, de forma clara, que o post patrocinado é uma publicidade e quem é a contratante.
Outra grande mudança é a responsabilização das instituições contratantes pelos influencers e o conteúdo veiculado. A normativa, porém, não menciona qualquer tipo de punição.
*REAÇÕES À FALA DE LULA*
As falas do presidente Lula (PT) na última sexta (27) de que a meta fiscal de 2024 não precisa ser zero geraram reação imediata na Bolsa e no dólar e viraram motivo de alerta na equipe econômica.
O principal temor na Fazenda é que a declaração desencoraje os parlamentares a votar as medidas necessárias para elevar a arrecadação do governo no ano que vem.
Abre aspas:
"Deixa eu dizer para vocês uma coisa. Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai cumprir. O que eu posso te dizer é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país", disse o presidente em café da manhã com jornalistas.
Repercussão:
? No mercado financeiro: a Bolsa, que estava estável, passou a cair e terminou o dia em baixa de 1,28%, aos 113.301 pontos. O dólar engatou alta e subiu 0,43%, aos R$ 5,01.
Por que pegou mal: muita gente do mercado já previa que a meta de déficit zero não seria alcançada no ano que vem, mas isso ainda não tinha saído da boca de alguém do governo. O sinal que passa é de falta de compromisso com o controle das contas públicas.
? Nos juros: o BC (Banco Central) deve manter sua estratégia e cortar a Selic em 0,5 ponto na quarta (1º). O problema está no cenário à frente, dizem os analistas. A fala de Lula fez os juros futuros dispararem, e, aliada ao cenário externo azedo, deve limitar a extensão do ciclo de queda da taxa básica.
? Na articulação política: o Ministério da Fazenda vinha fazendo um esforço para destravar a pauta econômica no Congresso, que ganhou força graças à liberação de emendas e cargos aos congressistas, como a troca no comando da Caixa.
Agora, projetos como a tributação de benefícios fiscais do ICMS, que poderia render até R$ 35,3 bilhões no ano que vem e taxação de fundos dos super-ricos e de recursos em paraísos fiscais (offshores) ficam ameaçados, disseram integrantes da pasta à Folha de S.Paulo.