Emprego nos EUA mostra força e surpreende mercado

Por MARCELO AZEVEDO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (8) que a criação de empregos acelerou e a taxa de desemprego caiu no país, o que surpreendeu o mercado, que esperava dados mais fracos sobre a economia americana.

Com isso, o dólar engatou alta e chegou a atingir os R$ 4,93 na máxima do dia, e a Bolsa brasileira começou a sessão caindo. O movimento, no entanto, durou pouco: a moeda americana passou a operar em estabilidade, enquanto o Ibovespa se recuperou e passou a subir.

Às 12h09, o Ibovespa subia 0,71%, aos 126.904 pontos, enquanto o dólar avançava 0,07%, praticamente estável cotado a R$ 4,911.

Segundo o Departamento do Trabalho americano, foram criadas 199 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no país em novembro, resultado maior que os 180 mil postos projetados por economistas consultados pela Reuters. O número vem após uma série de dados mais fracos sobre emprego nos EUA que aumentaram apostas de uma antecipação do ciclo de corte de juros no país.

"O dado surpreendeu, especialmente considerando que outros indicadores do mercado de trabalho divulgados durante a semana mostraram resultados menos robustos. Para o banco central norte-americano, o dado do payroll [relatório de emprego] é crucial e, ao superar as expectativas, é provável que o Fomc [comitê de política monetária americano] mantenha uma postura cautelosa na reunião da próxima semana", afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Apesar da surpresa com o dado, que causou sobressalto no mercado no início do dia, a avaliação é que o desvio não deve causar mudanças significativas no rumo da política de juros americana. Sung lembra, por exemplo, que os últimos dados mostraram arrefecimento da economia dos EUA e uma inflação em baixa, o que permite que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) não altere seu plano atual.

Para Marcelo Oliveira, sócio-fundador da Quantzed, os dados não chegam a ter impacto significativo nas projeções.

"Os juros americanos reagiram um pouco mal com treasuries subindo, mas não muita coisa. Número veio acima do esperado, mas não tanto acima. Algumas casas já trabalhavam com números acima de 200 mil, ou seja, é quase um número dentro do esperado ligeiramente negativo", diz Oliveira.

Já Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, afirma o aquecimento do mercado de trabalho americano pode trazer de volta discussões sobre um possível aumento de juros.

"A aceleração nas contratações e a queda no desemprego certamente aumentam a emoção nestes dias que antecedem a reunião do Fomc, e a possibilidade de mais um aumento volta ao radar. Mas acredito que as chances de manutenção da taxa de juros ainda permanecem altas", diz o economista.

Para Igliori, as principais dúvidas sobre os juros americanos devem recair sobre o início do ciclo de queda das taxas, e as apostas de redução já no primeiro trimestre de 2024 perderam força.